terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Tudo isto é fado

O mundo musical tem lançado sex symbols a uma velocidade impressionante. Britney Spears, Madonna, Christina Aguilera, Rihanna são alguns dos exemplos mais flagrantes da actualidade. Não há homem que não as deseje, que não sinta ligeiro formigueiro quando as vê naqueles trajes minúsculos e bem arejados.
Em Portugal, temos óptimas artistas neste ramo. Vozes cristalinas, letras de qualidade, arranjos musicais de assinalável complexidade. Só não conseguimos imaginá-las na capa de uma revista masculina. Talvez um dia alguém consiga descortinar num véu semelhante ao de Amália algo de erótico, tentar desenhar esbeltos contornos por detrás daquele pedaço de tecido negro ao som de uma guitarra portuguesa. Talvez um dia Mariza e Mafalda Arnauth apareçam em poses a que não estamos acostumados e nos babemos perante as suas figuras. Talvez um dia as concebamos de outra forma que não como seres assexuados.
As fadistas não têm romances tórridos para alimentar as revistas, nem mudam de namorado como quem muda de camisa; quanto muito, casam, têm filhos e vivem com o mesmo homem ate ao fim dos seus dias ou, se se divorciam, cantam as suas mágoas de forma agonizante no caminho para a sepultura. São invariavelmente low profile e jamais dão um ar matreiro de sedução.
A vida sexual das mulheres do fado é um mundo a explorar, um nicho de mercado, uma faixa territorial bastante enevoada e com apenas um pequeno feixe de luz ao fundo do túnel, escondida num emaranhado de sentimentos recalcados, receios infundados e angústias mal exorcizadas. Mas se há universitárias a leiloar a virgindade por 3 milhões de Dólares... Quem sabe o que poderá acontecer ao sex appeal das meninas portuguesas.

sábado, 27 de dezembro de 2008

Reviravolta e espectáculo


Matando a minha pausa de estudo, fui investigar os últimos resultados futebolísticos das ligas europeias que, ao contrário da portuguesa, não sofrem interrupções constantes.
E pela primeira vez na minha vida, a Primeira Liga do País de Gales despertou a minha atenção:
Porthmadog 6-5 Connahs Quay Nomads. Ok, um jogo com onze golos e com apenas um a separar ambas as equipas é algo de raro. Mas mais que raro, este resultado ganha contornos impressionantes quando analisada a marcha do marcador.
O Porthmadog encontrava-se a perder por 5-1... a 19 minutos do fim! Foi capaz de acreditar e venceu o jogo contra todas as adversidades, com algo que no nosso país também não abunda: determinação e espírito de sacrifício.
Talvez valha a pena olhar para o semi-profissionlismo, ou mesmo amadorismo, para encontrarmos alento e tentarmos redescobrir a paixão pelo jogo, demasiadas vezes enfadonho e dispendioso.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

"Feliz Natal"

A minha árvore de Natal pode não fazer a fotossíntese, pode não ter neve a derreter lentamente, mas já está bem composta de presentes. Provavelmente, será mais um ano em que os meus pés vão agradecer os pares de meias novinhos e sem buracos e que a minha barriga irá ficar a rebentar com camadas sobrepostas de "Mon Chèri", "Ferrero Rocher" e "After Eight" (os meus preferidos).
Não sou grande apreciador de bacalhau e prefiro ver as batatas secas do que submersas em litros de azeite. Em tempos ainda protestava, reclamando contra a tradição gastronómica e exigindo uns oleosos douradinhos com batatas fritas; agora, lá suporto o calvário e mastigo os alimentos mecanicamente, esperando ansiosamente pelo esvaziar do prato. Depois, dá-se a divisão em áreas temáticas, de grande substrato lúdico. Uns optam pelo sempre emocionante jogo de sueca, outros grudam-se ao banal programa de TV, repetitivo e sempre com os mesmos artistas de dúbias qualidades, a canalhada vai para os quartos destruir contruções de legos e as cozinheiras encarregam-se de deixar a cozinha num brinco.
Começam-se a arranjar desculpas para abrir os presentes antes da meia noite. Alguém lança a velha piada "Rebentaram as águas mais cedo este ano, ja podemos abrir as prendas" e pouco tempo depois o chão está completamente forrado de papel de embrulho. E assim se passa o Natal.
Quando mais novo, tinha o fascínio normal por toda esta quadra. Hoje em dia, com mais idade e responsabilidade, vejo as coisas de um modo ligeiramente diferente. Em vez de pensar "faltam dois dias para o Natal", lembro penosamente "faltam quinze dias para Processo Penal...". Quer num caso, quer noutro, gera-se um clima de ansiedade, porém com desfechos um pouco diferentes. É a festa da família, de ser bom para o próximo, de dar e receber, um período de introspecção, de reflexão e coisas do género. No entanto, nada disto altera a minha rotina.
Para mim, a presente quadra traz uma incontestável vantagem em relação às demais: acaba com as indecisões na hora da despedida. Fica sempre bem desejar "Feliz Natal", as palavras fluem automática e irreflectidamente, uma lufada de ar fresco nos gastos "Bom dia", "Até à próxima" ou no seco "Xau"...
Aproveitando a deixa, desejo um óptimo Natal a todos os que lerem o post :)

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Músicas...

Lembram-se, quando estudaram o dadaísmo, daquele quadro aparentemente simples de René Magritte com uma maçã perfeitamente ilustrada, contraditoriamente acompanhada da legenda "Ceci n'est pa un pomme"?
Júlio Miguel e Leninha decidiram fazer o mesmo, só que ao contrário. Gravaram uma série de grunhidos com uma letra pouco convencional e disseram ao mundo "Isto é uma música".
Quer Magritte, quer Júlio Miguel e Leninha, independentemente das áreas e dos pressupostos que os moveram, têm sem dúvida algo em comum: são artistas.

domingo, 9 de novembro de 2008

Crise? Qual crise?



Não fosse o desacerto na finalização dos ucranianos e Jesualdo fazia mesmo história...

domingo, 19 de outubro de 2008

Bad Boys, Bad Boys...

Gunas, grunhos, mitras, chavalos, delinquentes. Chamem-lhes o que quiserem, o resultado é o mesmo: sempre que os avistamos ao fundo da rua com o chapéu Nike Shox repousando da coroa da cabeça, perdemos a nossa habitual descontracção, não sabemos para onde olhar e em que lado do passeio circular. O cintilar da bijuteria barata nas orelhas estremece o homem médio pacífico que teme pela sua integridade física e pelo empréstimo definitivo dos seus bens.
Lá no bairro, mandam mais que Deus. O seu sacrário contém não hóstias, mas doses. E o "Corpo de Cristo", além de caro, é consumido vezes e vezes.
Traficam substâncias psicotrópicas, roubam violentamente viaturas, espancam indiscriminadamente julgando-se invariavelmente donos da razão. São o Sol - olhar para eles ofusca todos os infelizes que ousam fazê-lo, podendo provocar deslocamentos de retina. Literalmente.
Mas como acontece com todos os malfeitores, há sempre um ponto fraco a explorar. Por vezes é tão básico que roça o hilariante. Aconselho o leitor (discretamente) a comprová-lo no local adequado.
Local esse que não é na Ribeira, no Aleixo ou no Lagarteiro... Mas na Loja do Cidadão. É um regalo para os olhos daqueles que levam uma vida honesta contemplar aqueles seres furados, rasgados e com uma expressão malévola (vulgo "cara anal") trémulos perante a única pessoa que os verga: a que os trouxe ao mundo.
Na fila para pagar a luz vejo um Bad Boy corpulento e pouco amistoso meloso como chocolate no forno junto da sua progenitora, que o repreende fortemente com palavrões obscenos. E ele anui, impávido e sereno, pedindo desculpa por tudo o que fez e o que não fez.
Eu, homem vulgar, rejubilo e sinto até um esgar inexplicável de pena... Ou talvez não. Talvez seja, lá no meu íntimo qualquer coisa como:
"FALA AGORA, CABRÃO DO C******! "
(n.d.r.: Só não os chamo filhos da meretriz porque senão seria uma incoerência grosseira com o que acabei de dizer nos últimos parágrafos)

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Que coisa mais linda é uma partida de futebol...

Há filmes que se vêem vezes sem conta e sempre que passam na TV não conseguimos deixar de os ver. O mesmo sucede com certos golos que, pela sua beleza, espontaneidade, qualidade técnica, potência, entre outros atributos, fazem com que não nos cansemos de todas as repetições possíveis e imaginárias.
É o caso deste golo dos desconhecidos do Metalist, que vergaram os conceituados turcos do Besiktas na passada eliminatória da Taça UEFA. No lugar do autor do tento, provavelmente pediria a substituição (ou até, quem sabe, a reforma)...

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Músicas...

Não faltam por aí indivíduos que dizem tocar guitarra. E, na verdade, até tocam uma ou outra música, divertem o pessoal nas festas, cantam os hits do momento com os acordes plasmados num qualquer website, julgando-se uns verdadeiros ases das cordas.
Agora, imaginem o médio ofensivo do Pontassolense a testar as suas habilidades junto a Kaká. Porque é exactamente essa desproporção que existe entre os senhores que eu apresento e um vulgar tocador de guitarra.
Al Di Meola, Paco de Lucia e John McLaughlin são a elite das guitarras. 90 e muitos % dos outros que pegam nesse instrumento nao são mais que modestos amadores.
Aqui fica "Mediterranean Sundance".

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Chewing gum

Esfregar esferovite produz um som agundo extremamente irritante, porém tolerável. O barulho do giz no quadro consegue tirar do sério muita gente, mas ainda á suportável.
Insuportável é ouvir, de rajada, "The Story", "Encosta-te a mim", "Hey There Delilah" e "Sweet About Me"... Um verdadeiro poker de dores de cabeça.
O raio das músicas ultrapassam nas rádios e mesmo na televisão os limites do absurdo. Já percebi que o tipo está muito triste pelo facto de a sua amada ir estudar para NY; já me fartei do toque pseudo-anárquico de Gabriella Cilmi que diz que the world is a better place when its upside down; e duvido que viva os mais de 100000 anos de Jorge Palma se continuar a ser presenteado com a sua bela musiquinha. Mais! Quando Nelson Évora brilhantemente conquistou a medalha de ouro, fazendo esvoaçar mais alto que as demais a bandeira lusitana, ouvi mais vezes "The Story" como música de fundo do que o hino nacional...
Na apresentação de fotos do último casamento em que estive presente, lá ive que ser brindado com o malfadado pranto de miss Carlile.
Essas quatro melodias tive o azar de escutar precisamente no momento de maior produção do meu estudo. Em caso de reprovação, creio que desta vez a culpa não morrerá solteira.

domingo, 14 de setembro de 2008

Dura Praxis...

"E as praxes? Como é que são aqui? Pintam-nos muito a cara? Onde é que me inscrevo?"
Estas e muitas, muitas outras perguntas me esperam amanhã.
Todos sentem um misto de curiosidade e de receio. Todos trazem ideias pré-concebidas. Mas poucos têm uma ínfima noção do que efectivamente se trata.
Na sexta-feira passada, passava eu tranquilamente junto da minha antiga escola secundária, quando me deparo com os foliões. Teria o Carnaval chegado uns meses adiantado? Depressa me apercebi que não era disso que se tratava. Viajei 5 anos na minha memória e lá compreendi: tinham começado as "praxes".
Os pobres coitados do 10ºano vinham todos rabiscados em tudo quanto era pele, cantavam o hino nacional em cima de um qualquer banco do recreio, eram amarrados a um poste e pronto! "Acabou de ser praxado, muitos parabéns! Agora já é um de nós..."
Correndo tudo dentro do previsto, três anos depois cairão de pára-quedas num qualquer estabelecimento de ensino superior, julgando que ao fim de uns dias de "tremendo sofrimento físico e mental" tudo termina.
É aqui que realmente se compreende a distinção entre as praxes e a Praxe. Numa há efémera e fútil paródia, noutra eterna e dura aprendizagem. Numa há igualdade (desigual) de indumentárias entre os praxistas e os praxados, noutra há uma capa negra a marcar toda a diferença entre o autoritário e o submisso. Numa todo o aparato desmboca num profundo nada, noutra qualquer nada é feito para o todo, um todo com um fundamento oculto, tão concreto quanto difuso, tão lógico quanto incompreensível.
Numa, o espírito morre embrionário.
Noutra, o espírito finda connosco entre apertadas paredes.

Como são as "praxes"? Eu respondo...

Os meninos à volta da fogueira
Vão aprender coisas de sonho e de verdade
Vão aprender como se ganha uma bandeira
Vão saber o que custou a liberdade

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Impaciência

Carlos Queiroz, na véspera da sua estreia como seleccionador nacional em jogos oficiais, proferiu na conferência de imprensa a seguinte frase/aviso:

"No United trabalhamos quatro anos para conquistarmos um título europeu. Aqui na selecção, ao fim de quatro treinos, já nos pedem para sermos campeões do mundo."

Hoje fomos, ainda que injustamente (palavra mais inútil do léxico futebolista), vergados no nosso país por uma Dinamarca que soube aproveitar as oportunidades. Portugal deslumbrou, marcou, voltou a deslumbrar, desperdiçou, desperdiçou e... sofreu.
Debaixo de um tremendo coro de assobios, os nossos atletas deixaram o relvado.

Quando não há frieza de campeão para matar jogos em momentos decisivos, jamais se pode pedir campeonatos. E a impaciência do povo luso de que Queiroz falava a nada ajuda.

Vamos ter paciência e dar tempo ao tempo, ok? Não me parece ser muito difícil.

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Músicas...

Após duas entradas falhadas devido a problemas técnicos, com o público já a desesperar e a insultar a organização do festival, os Franz Ferdinand lá conseguiram incendiar a Zambujeira do Mar. De tal modo que passei a semana seguinte a trautear a "This Fire"...
A banda escocesa vai para mais um álbum de originais, que promete não defraudar as expectativas dos seus admiradores. Estarei seguramente atento para ver o que Alex Kapranos e seus compinchas nos reservam.
Por enquanto, deixo aqui no Who Cares a tal música que teimava em não sair-me da cabeça:



(Peço desde já desculpa por não apresentar juntamente com a música o respectivo videoclip oficial, bloqueado pelos autores)

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Mãe há só uma

Iker Casillas é, inquestionavelmente, um dos melhores guarda-redes do mundo. Tem vindo a prová-lo desde que se estreou, ainda muito jovem, pelo emblema merengue, conseguindo sem surpresa um lugar cativo na baliza da selecção do seu país. E todo esse país, toda uma Espanha, ficou grata por ser ele a ocupar a posição de "portero" no Euro 2008.
Brilhantemente, susteve penalties, defendeu golos certos, conferiu uma segurança dentro e fora dos postes inqualificável. Um verdadeiro muro de betão imune a todo o tipo de armamento inimigo.
E "nuestros hermanos" lá ergueram o caneco...
Tal desempenho não deixou indiferente o povo espanhol. De tal modo que fizeram questão de condecorar o atleta não apenas pelo seu feito, mas também pelo simples facto de... ter nascido!
Sem dúvida, a sua mãe sofreu muito durante o parto, daí a merceida recompensa:

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Eu acho que é o Chuva de Estrelas

Ainda bem que vivemos num país livre, cuja Constituição consagra a liberdade de expressão como um direito fundamental. Ora, esta concessão de liberdade pode por vezes traduzir-se em situações deveras insólitas, como esta que vos deixo.
Reparem na cara da concorrente, escandalizada pelo tremendo equívoco do seu adversário... Mal sabia ela que iria cometer o mesmo pecado.

terça-feira, 24 de junho de 2008

de cujus

É ingrato. Podemos levar uma vida honesta, bastante altruísta até, respeitadora de todos os princípios. Podemos ser uns perfeitos anormais, vingativos e hipócritas...
Garantido é que, quando falecermos, faltaremos à nossa derradeira cerimónia. Estaremos lá fisicicamente, mas não sentiremos as lágrimas das pessoas que se preocuparam connosco, o efeverscer do rancor daqueles que nos odiaram. Veja-se o caso de Miklos Fehér: era um avançado com um faro de golo pouco apurado, intermitente nos 11 titulares do Benfica, contestado quando era chamado a intervir.
A morte, contudo, parece ter transfigurado as suas características. Passou a ser um jogador com uma grande margem de evolução, muito dedicado ao clube, um cidadão íntegro e amado por todos os colegas.
A vida é mesmo ingrata. Apenas somos verdadeiramente elogiados quando as nossas capacidades sensoriais são incapazes de captar tais inflamadas exclamações. Enquanto caminhamos para a morte, apenas nos confrontam com críticas ao que fazemos e não fazemos, raramente dando crédito àquilo a que nos entregamos.
No fim, no nosso apertado leito, de cara incrivelmente pálida, emanando um odor muito próprio, todos parecem notar que nós realmente passamos pela Terra. Deixa-se de lado a indiferença (pelo menos durante a cerimónia fúnebre), põem-se os canais lacrimais a funcionar vigorosamente e partimos para a vala.
Em vida, a contenção de despesas era absolutamente gritante. Até a fome podia eventualmente apertar desde que houvesse uns quantos fundos prontos para qualquer eventualidade. Já de malas aviadas para um reino diferente, não há que olhar a custos. Flores, flores e mais flores deixadas emurchecer, velas ardendo incessantemente, caixões bem confortáveis e carinhosamente esculpidos (não vá o defunto queixar-se de torcicolos!), comissões pagas a padres, coveiros, funerárias... Até post mortem não esquecemos a ostentação. E há sempre alguém a lucrar com o nosso cruel fado.

"Eu não quero que ninguém morra, mas quero que o negócio corra...", já dizia o coveiro.

Se vivemos num mundo de contradições, por que não morrer num mundo semelhante? Afinal, é tudo uma questão de coerência.

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Músicas...

And when the broken hearted people
Living in the world agree,
There will be an answer, let it be.




Genial. Brilhante. Ponto.

sábado, 14 de junho de 2008

Escrever direito, a torto e a direito

"O Mundo foi feito para os destros (ou dextros?)" oiço eu frequentemente.
Pode parecer um exagero, talvez até algum preconceito. Certo, é que ao anlisar os factos, esta afirmação não soa tão assim descabida e vazia de sentido.
Estou agora num espaço com 50 computadores e não fui capaz de encontar um único rato que não estivesse do lado direito do teclado. Vim para este local de carro pela faixa da direita. De todas aquelas cadeiras com um pequeno tabuleiro para escrever - que, diga-se de passagem, são deveras incómodas - existentes nalgumas salas de aula, cerca de 2% são para esquerdinos.
Além disso, quem normalmente "escolhe" a mão esquerda como predilecta, arrisca-se a ser renegado por todos os outros presentes, a cair num esquecimento total (a não ser que se torne dissidente e troque o copo de mão, claro). Porquê? Porque "mão DIREITA, mão DIREITA é penalty!".
Até Deus foi pouco benevolente: Jesus está sentado à direita do Pai!
Em Itália, conseguiu-se alcançar o extremismo. Esquerdo diz-se "sinistro", o que só por si é mais que elucidativo.
Enfim, motivos bem suficientes acabei de enumerar para proclamar a supremacia do lado direito.

No entanto, apercebi-me hoje que esta discriminação foi levada longe de mais, atingindo os canhotos num momento bastante delicado, urgente e requerente de profunda concentração. Um ritual diário de qualquer mortal foi-lhes amplamente dificultado.
E vocês, insensíveis destros, seguramente nunca se aperceberam porque nunca sentiram na pele (tal como eu)...
Ora reparem e meditem profundamente:

"Os rolos de papel higiénico dos cubiculos das casas de banho públicas estão, quase invariavelmente, do lado direito da sanita"

Um golpe baixo, sem dúvida. Parece que, para tornar o mundo mais justo, terei que dar a todos esses técnicos de casa de banho, picheleiros e afins uma Constituição da República Portuguesa, recomendando-lhes vivamente o artigo 13º.

domingo, 8 de junho de 2008

Uma questão de (falta de) testosterona

Estou cada vez mais convencido que aceder aos conselhos dados pela Maxmen e pela FHM não me vão levar a ter mais sucesso entre a comunidade feminina. Pensei que estava a fazer tudo bem, que até estava a marcar pontos com a arte de "mandar o charme"; era uma questão de tempo até elas se disfarçarem de répteis para rastejar a meus pés, julgava eu...
Todavia, na semana passada, todas as minhas fundadas expectativas ruíram inapelavelmente, qual castelo de cartas. Descobri o que REALMENTE as leva a gritar histericamente, a sentir forte atracção e a exprimir o mais reprimido desejo... E não tinha nada a ver com aquilo que eu estava à espera.



É isto a virilidade que elas tanto procuram? É por este despenteado Messias que elas gritam, chiam e grunhem? É esta voz pastosa que as conduz ao âmago da excitação? Terá "ele" um GPS capaz de indicar a latitude e a longitude do ponto G?

Sim, é verdade. O Rock in Rio 2008 fez-me ver o quão errado estou nesta matéria... Inspirado pelos Tokio Hotel, talvez consiga descobrir o meu lado "emo". Talvez ainda vá a tempo de cortar os pulsos, mas o tempo já começa a apertar! xD

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Breaking news

Roberto Leal e Tony Carreira demonstaram publicamente o seu apoio à selecção das quinas... Será isso capaz de despertar a veia goleadora de Nuno Gomes? Recordará Deco o seu apogeu, que parece já bem distante, ao escutar "um sonho de menino"?
Sinceramente, não sei que mais hão de fazer para publicitar a equipa de todos nós. Espero, como é óbvio, que Portugal consiga superar a fase de grupos, apesar das esperadas difculdades. Os suíços jogam em casa, os checos apresentam sempre equipas bastante consistentes e experientes e os turcos jogam sempre nos limites da raça e da paixão.
Porém, se Zé Cabra decidir fazer uma gracinha e se juntar à comitiva portuguesa já em solo helvético... Aí sim. Venham Platinis, Zidanes, Henrys, Pirlos, Huntelaars ou David Villas à vontade. Estamos cá para bater o pé a todos, nem damos hipóteses.
Ah e se o sr.Roberto Leal resolver cantar o hino nacional, como em 2004 após a fatídica final? Levantavamos a taça, por falta de comparência dos adversários.
Enfim, tantas notícias por divulgar e só nos dão disto...

quinta-feira, 22 de maio de 2008

Músicas...

Nesta fatigante época de exames, troquei os habituées mais pesados do meu mp3 por melodias quase de embalar (espero eu que venham a embalar para uma jornada de sucesso). É um som bem mais calmo, suave, com uma letra a puxar mais para o lado sentimental e, acima de tudo, excelente para estudar. Além do mais, quer a voz, quer a letra são verdadeiramente fantásticos.
Deixo-vos então com este grande clássico de Tracy Chapman, "Baby can I hold you".

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Etimologia Farmacêutica

Criatividade é algo que nem todas as pessoas se podem gabar de ter em excesso. Inspiração é já um conceito diferente, bem mais variável que o anterior, e que é susceptível de se manifestar em qualquer pessoa independentemente da sua real aptidão, aparecendo a espaços. Certo é que, sem nenhum destes elementos, dificilmente teriamos algum tipo de produção artística, fosse em que área fosse.
Perguntarão vocês: a que propósito vem este energúmeno estampar aqui esta distinção?
Respondo eu: porque fui a uma farmácia e fiquei abismado com o "nome civil" de certos fármacos.
É algo de verdadeiramente fascinante. Em que é que se inspirarão os farmacêuticos para atribuirem nomes aos seus medicamentos? Pergunto-me, muito honestamente, qual será a origem etimológica da palavra "Augmentin"; Ipesandrine seria algum antigo chefe de estado da ex-URSS? Aspegic foi o melhor marcador da liga Jugoslava de futebol 78/79? Ben u Ron teria sido amigo de infância de Mao Tsé Tung? Zovirax, produto para o herpes labial ou nome de hacker internacional? Brufen, Canesten, Lendormin, Xanax e Prozac surgiram de onde?
Mais: quem é que se lembrou de chamar Viagra ao olhar para o processo de erecção de um pénis?
Enfim... Se atribuissem aos medicamentos o nome da doença a que se destina, tudo seria mais fácil para os consumidores e pouparia esforço mental aos criadores. Criatividade, inspiração ou dádiva divina? Naaa... Acho que é mais distribuição aleatória de letras.

sábado, 3 de maio de 2008

Cromos da bola

Homem que é homem, quando era criança, coleccionou os lendários autocolantes com os emblemas e jogadores da nossa liga de futebol. Fez parte da nossa essência trocar as centenas de figuras repetidas. Quem nunca ouviu frases como "Só te troco o Mielcarski por 3 jogadores do Tirsense, por causa qu'ele é muito raro!" ou "Os brilhantes valem por 2!" não pode ter frequentado o ensino básico.
Nos dias que correm, já emancipado e com a barba a crescer desenfreadamente, com (alguma) maturidade, abandonei essas lides. Isso não me impediu, contudo, de recentemente dar uma olhada na caderneta da presente temporada (BwinLiga 07/08).
Esse acto deixou-me abismado e a questionar todas as minhas capacidades de observação do meu desporto de eleição. Agora, por baixo da foto dos craques, aparece uma pequena descrição dos mesmos...

Fiquei com a sensação que o Estrela da Amadora tem um plantel ao nível da Premier League; que Pedro Mantorras é "um verdadeiro cozinheiro de golos"; que Tiago Targino é um prodígio técnico; que a Académica tem duas muralhas no lugar de guarda-redes; que Jair Baylon tem tudo e mais alguma coisa para ser Bola de Ouro; que Paulão deveria abandonar a Naval para fazer dupla com Rio Ferdinand no Man Utd...
Cheguei à conclusão que o nosso principal campeonato é, seguramente, o mais competitivo do mundo. Todos os pontas-de-lança têm faro de golo e um instinto matador , não há um único extremo que não seja um quebra-cabeças para o lateral contrário, os médios foram buscar ao útero materno uma criatividade renascentista, os guarda-redes (sem excepção) são gatos entre os postes e seguros fora deles e, como se não bastasse, todos os centrais são intransponíveis.
Gilles Binya não consta na referida caderneta. Porque será? A resposta é simples: para que o seu primor técnico e a sua subtileza nas entradas para desarmar os adversários não ofusquem os demais jogadores/craques. Além disso, a segurança de quem ousasse ter o astro camaronês repetido estaria em franco perigo, pois qualquer jovem estaria disposto a fazer tudo para o adquirir.
Cardoso é apontado de antemão como o melhor marcador da prova, mas Miljan Mrdakovic parece ter tudo para apimentar a discussão. Lisandro Lopez provavelmente precisará de anti-depressivos.

Bem, eu até já estava a ficar convencido que aquilo de facto era verdade e que eu é k não sabia nada de futebol, mas Zoro deteve a minha atenção. "Hostil". Assim era definido.
Toda a gente sabe que ele é uma jóia de moço!

Bolas, afinal o nosso campeonato continua uma valente "M"...

(NOTA: POST PUBLICADO SIMULTANEAMENTE NO TORRADA DO MEIO E NO WHO CARES)

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Efemérides

25 de Abril nos dias de hoje? Mais uma efeméride, cada vez mais me convenço disso.
Um feriado que calha sempre bem, como todos os outros, isto é, mais um pretexto para não trabalhar.
É conveniente para tirar Paulo de Carvalho, Zeca Afonso e outros que tais da bafienta caixa de memórias, ouvir depoimentos da guerra do Ultramar, ver o "Capitães de Abril" num dos canais públicos, contemplar cravos estampados nas capas de todos os jornais diários, etc.

Há excesso de liberdade? Talvez. Talvez tenhamos entrado no sinuoso campo da libertinagem (como já foi referido); a liberdade de cada um dever-se-ia circunscrever ao limite do respeito pela liberdade dos outros, com o mínimo de bom-senso e de princípios. Infelizmente, a "liberdade" é tamanha, que o próprio conceito de bom-senso se dilui na vida em sociedade, em que a obediência a normas jurídicas, morais ou até religiosas é vista como uma forma de submissão e/ou atentado à autodeterminação individual.

Uma visão mais pessimista (e realista) poderia concluir que estamos, ainda que não tenhamos noção, a ser vítimas do excesso de permissividade. Nem neste campo deixam de se verificar gritantes assimetrias, nas quais aos titulares do poder político não podem deixar de ser imputadas responsabilidades. Fraudes continuam a aparecer na "cadeira do poder" tal como antes de 1974, ao mesmo tempo que se defraudam as expectativas dos eleitores.

Entendo que os períodos revolucionários são cíclicos e isso dificilmente pode ser contrariado - a mudança nunca agrada ou desagrada a todos (senão, o que seria da democracia?). Precisamente por isso, não soa assim tão estranho que uma nova revolução, perante os cenários recorrentes de instabilidade política e partidária, de desemprego e aumento do custo de vida, entre outras e incontáveis razões, ecluda no nosso país, embora em moldes diferentes de há 34 anos atrás.

Uma coisa é certa. O 25 de Abril veio mudar mentalidades e todo um país de forma geral; Despertou os portugueses para a realidade chamada democracia; contudo, por muitas lutas que se travem, por maior e nobre que seja o interesse, o esforço e a vontade, jamais teremos uma sociedade perfeita.

Por isso, 25 de Abril hoje é mais um trecho de história do que verdadeiramente um pedaço de realidade, uma mera data ou recordação.

sexta-feira, 11 de abril de 2008

Músicas...

Um dos canais de música que mais aprecio (apesar de não ter muito tempo para ver) é o MTV2. É muito menos comercial, mais alternativo, sem programas rídiculos e repleto de bandas pouco badaladas no nosso país, mas que dão cartas sobretudo em terras de Sua Majestade.
Os "Get Cape, Wear Cape, Fly" são um exemplo de como fazer música agradável, com letras descontraídas, entre o brit pop e uma onda mais alternativa, e que em Portugal nunca passaram em nenhuma rádio ou programa televisivo - com muita pena minha.
Fica aqui o tema "Chronicles of a bohemian teenager".



(Aproveito para dedicar esta música aos amigos que me acompanharam -bem como os que não puderam estar fisicamente presentes- numa hora difícil, que me ajudaram a olhar em frente e a não desanimar perante a cruel realidade. Jamais poderei esquecer. Mais uma vez, muito obrigado.)

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Show me your identification!

Convencionalmente, quando nos pedem qualquer documento de identificação, apresentamos o bilhete de identidade. Diz tudo aquilo que é preciso saber sobre nós; aliás, até nos atribui um número com 8 dígitos, não vá haver qualquer tipo de confusão ou repetição.
Por norma, esse cartão acompanha a pessoa na carteira, sendo apresentando apenas quando estritamente necessário. Como é óbvio, ninguém o usa ao pescoço, para que toda a gente o veja. Na verdade, e na maioria das vezes, até preferimos que nenhuma pessoa lhe ponha a vista em cima.
Porque será?
a) Porque a minha mãe tem um nome que parece uma distribuição aleatória de letras
b) Porque nasci numa terriola algures no interior, tipo Sto Isidro do Montejunto
c) Porque a minha caligrafia é quase ilegível

Nada disso...
A verdade é que um dos requisitos do B.I. é a foto do indivíduo. E que atire a primeira pedra quem nunca ouviu frases como:

-"Ahhh... És mesmo tu? Nem pareces o mesmo!"
-"Que cabelo é esse?" (é a que eu mais oiço... vá-se lá saber porquê)
-"Jesus, que cara de miudinho!"
-"Tavas mais magrinho/gordinho aqui..."
-"Kakakakakakaka...."

Além disso, depois de ver a foto, ninguém mais repara no resto... Nem mesmo que aquando da data de emissão medias 1,37m.
Sentimos que temos um alter ego, um Mr.Hyde que persegue Mr.Jeckyl para todo o lado, sempre disposto para o assombrar a qualquer momento.
Para consolação de minha penada alma, em 2010 vou poder dar um novo look aos registos. No entanto, por muito que não queira, em 2020 esse traço da minha figura já estará convertido em heterónimo...

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Efeito Férias Desportivas

Após uma semana de férias bem aproveitadas, estou de volta.
Infelizmente, a inspiração parece ter ficado enterrada algures na areia da Praia do Barril. Apesar de tudo, e enquanto ideias (in)decentes teimam em não pairar sobre mim, deixo vos com um vídeo no mínimo curioso...



Quem inventou a expressão "dar tiros nos pés", devia estar a assistir a este jogo da liga húngara. Um verdadeiro drama para o defesa, uma decepção para os adeptos e companheiros de equipa.
E agora não me digam que não é ingrato ser guarda-redes...

segunda-feira, 24 de março de 2008

Autoridade

Domingo de Páscoa. Passo os olhos pelo JN enquanto os restantes presentes na sala acabavam a refeição.
Além de ficar a saber que a maioria dos alunos do 9ºC de uma escola portuense reprovaria se o ano lectivo terminasse agora, e que Eduardo, além de dar pontos, também dá taças, li um artigo que igualmente me despertou a atenção:

“Um inspector da Polícia Judiciária foi detido por militares do subdestacamento da Brigada de Trânsito (BT) da GNR de Coina, depois de ter recusado a soprar o balão na sequência de um acidente.O caso ocorreu na A2, quando um carro ligeiro, um Renault propriedade do Estado, embateu na traseira de um veículo pesado, quando circulava em direcção a Lisboa. A BT foi chamada ao local e, como é normal, pretendeu submeter os intervenientes no acidente aos testes de alcoolemia.O condutor do ligeiro recusou-se, no entanto, a soprar ao balão e os militares da BT acabaram por verificar que se tratava de um inspector da PJ de Lisboa e que o carro estava ao serviço da Judiciária. O inspector apresentaria sinais de embriaguez.Os militares deram-lhe ordem de detenção, mas o inspector acabaria por ser libertado com a obrigação de se apresentar amanhã no tribunal do Barreiro.”

Antes de mais… Inspectores embriagados parados na Coina? Ok, não vou enveredar pelo mundo obscuro da piada fácil, embora tivesse muito por onde pegar. Deixo isso a cargo do leitor.
Agora, numa das épocas do ano marcada pelo controlo apertado nas estradas, em que os principais blocos informativos (por intermédio de “agentes da autoridade”) dão grande ênfase à evolução da secção de necrologia rodoviária do período em questão, e em que se aconselha total precaução na partida e no regresso a casa, não me parece muito correcto – corrijam-me se estou enganado - que um elemento de uma força policial, utilizando um veículo do Estado, embata com o mesmo noutra viatura, sendo a causa mais que provável a embriaguez
Mais grave ainda: o agente, ao serviço da Judiciária, recusou-se a confirmar o seu estado psíquico, abstendo-se de soprar o balão…
Veremos, pois, se a Justiça se abstêm de punir o senhor em causa. Honestamente, já não me surpreenderia. Aliás, já quase nada me surpreende. Nem mesmo o facto de o Sporting ter falhado mais três grandes penalidades…

segunda-feira, 17 de março de 2008

Prevenção

No ensino primário, na disciplina de Estudo do Meio, todos nós aprendemos a morfologia básica do aparelho digestivo. A professora explicou que pelo cólon passam os resíduos daquilo que ingerimos, sendo expelidos pelo ânus.
Ora, sendo o cólon um órgão do corpo humano, está - como qualquer outro - sujeito a várias doenças, que podem ser detectadas se tivermos alguns cuidados específicos, evitando deste modo incómodos de maiores proporções para a nossa saúde. Todavia, a prevenção não é muito apelativa: passa por analisarmos as fezes, para averiguar alguma anormalidade, quer na textura, quer na cor, sabendo que a presença de sangue não augura nada de positivo.
Na vida, é nos ensinado que errar é característico do Homem.
Ora, sendo nós humanos, estamos sujeitos a cometer deslizes, prejudiciais para nós e para aqueles que nos rodeiam, mas que podem ser evitados se adoptarmos as saídas mais racionais e correctas em detrimento das mais fáceis e erradas. A dificuldade está em assumir o erro e, sobretudo, em remediá-lo.
Ninguém escolhe estar doente, do mesmo modo que ninguém erra se a solução mais fácil for a mais acertada. Se nos descuidarmos, uma ferida mínima no tecido intestinal pode infectar e ter, em casos extremos, consequências irreversíveis. Se não repararmos os nossos equívocos, corremos o risco de perder o controlo da nossa vida, arranjando todo o tipo de conflitos.
Cheirassem as fezes a rosas, e não pensavamos duas vezes antes de as analisarmos. E defecar... Fazêmo-lo com mais frequência do que damos conta.

segunda-feira, 10 de março de 2008

Músicas...

11 de Setembro de 2001. Enquanto ruiam os edifícios do World Trade Center, o album Toxicity, dos System of a Down, ocupava o primeiro lugar das tabelas nos EUA.
Serj Tankian, Daron Malakian, Shavo Odadjian e John Dolmayan criaram um tipo de música dificilmente catalogável. Com vozes inconfundíveis, diversidade instrumental, som forte e letras marcadamente políticas, foram gerando desde 1998 (com o álbum homónimo) uma enorme legião de fãs por todo o globo, tendo lançado até ao momento cinco albuns.
É, sem dúvida, uma das minhas bandas de eleição. Deixo-vos aqui com uma música que diz muito do estilo crítico dos SOAD, retirado do disco Mezmerize.


Sad Statue-System of a Down

quinta-feira, 6 de março de 2008

Oh (un)happy day...

"O que é que isso contribui para a minha felicidade?". Disseram-me isto a propósito de uma coisa qualquer com pouca importância e, nesse segundo, montes de pensamentos atravessaram a minha cabeça. Antes de mais, poderia eu ter dito alguma coisa, naquele momento, que realmente fizesse essa pessoa mais feliz?
Dissertei mentalmente sobre a felicidade. Todos nós julgamos que somos ou que um dia seremos felizes, de uma maneira ou de outra; e acreditamos que isso passa invariavelmente por uma vida a dois. Bem, se isso fosse verdade, não haveria tantos divórcios em curso.
É, pois, efémera essa coisa da felicidade. E manifesta-se tanto nas grandes coisas, que realmente nos deixam marcas - positivas ou negativas - para toda a vida, como nas pequenas, aparentemente insignificantes, mas que nos permitem alcançar alguma satisfação. Aliás, já diz o badalado jingle: "Kinder Surpresa dá-nos grandes momentos de felicidade..."; talvez isso explique a perdição de algumas pessoas pelo chocolate, mas é só uma mera suposição.
Erradamente, cheguei a pensar que tudo aquilo que fazia era com o intuito final de alcançar a felicidade suprema, etérea (e inalcansável). Analisando bem, limito-me a encadear aquilo que faço, (re)agindo naturalmente face às exigências e circunstâncias do quotidiano, não tendo presente no subconsciente um longo prazo, já que um simples pormenor pode fazer toda esse horizonte temporal ruir.
Em suma, posso dizer que vou sendo feliz, mas jamais serei feliz. Tenho uma vida estável, sei reagir positivamente às adversidades, posso até vir a ser bem sucedido naquilo que vou fazendo; no entanto, só com certezas absolutas é que posso ter a felicidade como um dado adquirido. E certezas... só tenho uma.
"O que é que isso contribuiu para a tua felicidade?". Não sei. Cada um sabe - ou julga saber - aquilo que carece para ser feliz. Resta é saber se estará disposto a fazer tudo para o conseguir.


segunda-feira, 3 de março de 2008

Ode ao pessimismo

Durante longos e longos anos, especulou-se sobre o que seria do mundo após a viragem do milénio. Não raros foram os indivíduos que profetizaram a extinção do ser humano, a modificação permanente do nosso planeta tal qual o conhecíamos, a vinda do Apocalipse que iria dar um rumo (ou acabar com ele) completamente diferente à vida de todos aqueles que habitavam a superfície da Terra.
Os menos, digamos... espirituosos, temiam (ainda que não o assumissem) um colapso tecnológico aquando da passagem de ano. Enfim, havia uma expectativa generalizada relativamente ao pós 2000.
5... 4... 3... 2... 1... FELIZ ANO 2000!

Nada aconteceu para além dos habituais foguetes, do vigoroso bater das panelas, da algazarra das passas e do champanhe, das incontáveis preces ansiando uma vida mais rica, cheia de paz e amor, sem guerra nem fome e com os blocos informativos mostrando a meia-noite do mundo inteiro.
Contudo, em Portugal, o receado "Bug" do milénio apareceu. Não no dia 1 de Janeiro, mas no dia 1 de Setembro.... O mundo descrito por George Orwell caiu sobre nós, invadindo a nossa privacidade psicológica, desconstruindo conceitos e modificando -para pior- toda uma sociedade.
A tirania estava disponível à distância de um telecomando. Não havia "minutos do ódio", mas horas do ódio...

The Bug is watching you...

Tal como em Hiroxima e em Nagasaki, as radiações continuaram a afectar o território por longos longos anos. ..

sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Bio Activia

Parar é morrer. É sem dúvida um cliché e precisamente por isso tem uma grande base de verdade.
Após um semestre atribulado, com muita festa, poucas aulas, algum álcool, nenhum tabaco, resmas de fotocópias e de stress próprio de quem está a ser avaliado, volto à habitual rotina.
Com o regresso das aulas, voltou também a sazonal promessa. Agora é que vai ser estudar, não vou faltar a nenhuma aula, vou passar apontamentos a limpo e começar a preparar-me mais cedo para os exames, para me licenciar com melhores notas e em tempo útil de preferência.
Palavras, leva-as o vento. Ao amanhecer do novo período lectivo, já algumas nuvens começam a ensombrar o dia. A força de vontade converte-se em fraqueza. A preguiça explica o porquê de ser um dos "seven". A brisa vai-se tornando, rapidamente, num autêntico tornado, arrastando todas as juras feitas pouco tempo antes.
Deixo-me tentar por visitas a amigos e amigas que moram longe. Jogo futebol com mais regularidade. Sucedem-se as noites mal dormidas sem nenhum motivo aparentemente racional. Tuna académica e ensaios que duram horas. Praxe.
Quem corre por gosto não cansa. Aos caloiros de Direito, juntam-se os de Arquitectura, Medicina e Psicologia. Suo a camisa do traje até deixar marcas negras, tapado por uma capa que me conforta quando está frio e que me consome muitas calorias quando está calor. Faço o possível por chegar no início das sessões e sair sempre no fim, tentando ser criativo naquilo que digo, mas conservando a necessária distância. Não deixo de invejar a alegria com que os novatos se relacionam, mas já tive o meu tempo.
Tive o meu tempo, e não o desperdicei. Continuarei a ter tempo para viver e respirarei o menos possível.
Se efectivamente parar é morrer, espero, quando tal acontecer, encontrar as 7 bolas de cristal que me ressuscitem, que me tragam novas emoções, que façam fugir de uma vida pálida, completamente saudável para o corpo, excelente para o Curriculum Vitae, mas devastadora para o Ego.
24 sobre 24 horas vou caminhando. Até que um dia pararei de vez. Não quero saber quando nem como. Apenas pretendo que, mais que do que uma vida, tenha tido uma grande vivência.
"Todos os homens morrem, mas nem todos realmente vivem"

(e com mais um cliché vos deixo)

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Músicas...

Visão e audição...
Videoclips dispendiosos, sem conteúdo e com música "eufemisticamente" medíocre, vêm afectando cada vez mais estas nossas capacidades sensoriais.
Trauteadores de chuveiro viram cantores.
Maquilhagem em excesso camufla defeitos de originalidade da sonoridade, das letras e até do próprio vídeo.
Óptimo seria encontrar a conjugação perfeita entre som e imagem, mas o futuro parece pouco propenso a grandes progressos. Isso não implica, contudo, que não se encontrem boas doses de harmonia: clips que nos deixam colados; músicas que nos deixem como que hipnotizados.
Um bom exemplo este. A prova de que aquilo que realmente tem qualidade é intemporal, prevalece.


Chris Isaak - Wicked game

Já não se fabrica...
Música dos anos 80 e inícios de 90, um verdadeiro mundo a explorar, sem dúvida.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

The boy who cried wolf

Marco Horácio, no programa humorístico "Levanta-te e ri", prometia, semana após semana, mulheres nuas, cavalos e anões.
Inovador, sem dúvida. Horácio prometeu, e eu acreditei. Fiquei a ver o programa até ao fim, assistindo esperançado à sucessão de profissionais (?) da comédia, esperando contemplar voluptuosos seios, céleres equídeos e emancipados humanos de baixa estatura, que irrompessem palco dentro, corporizando o meu anseio.
Horácio prometeu, e eu acreditei. Um indivíduo de natural de Braga afirmava ter problemas de identidade por ter perdido o seu BI. Menezes cantava "seven seconds" imitando quase na perfeição Youssou N'Dour e Neneh Cherry. Nogueira declarava o seu amor a D.Duarte Pio. Tibúrcio, Matumbina, Tone e companhia faziam a audiência rir a bandeiras despregadas com o seu tom rude e brejeiro.
Horácio prometeu, e eu acreditei. Tinham passado meses e eu, embora não com o mesmo fervor, conservava a minha fé. Afinal, aquilo era um programa de televisão. Ele não podia defraudar assim as expectativas de tantos telespectadores, não em directo, ao vivo e a cores.
Horácio prometeu, e eu acreditei. Acreditei porque era um jovem imberbe, emanando inocência de forma pueril por todos os meus poros. Um ano correu no meu calendário.
Horácio prometeu e eu já não acreditei. Boicotei a televisão portuguesa. Questionei o valor da verdade. Os meus pais sempre me ensinaram que mentir era muito feio; imaginava Horácio disforme, horroroso por dentro e por fora. Não só não tinha pescoço a alicerçar a cabeça, como também não possuía moral a sustentar-lhe a alma. Seria lícito publicitar tais ocorrências, sabendo que não iriam acontecer, em nome de audiências? Será possível que continuemos a aplaudir estes ditadores de audiências? Será o Share mais importante do que o sorriso de uma criança? Não obtinha respostas e entrava em depressão.
Horácio prometeu e cumpriu. Mas fê-lo demasiado tarde. Era eu já uma sombra, desconfiado, decrépito e já completamente descrente no mais comprovado dogma, quando os seios viam, despudoradamente, as luzes da ribalta. Já lá não estava para ver.

Horácio, para ti, faço minhas as palavras do povo (que te acompanhava ao vivo, semana a semana), inquirido por Fernando Rocha: Ladies and Gentleman....

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Especiarias psicotrópicas

No Youtube, pode-se encontrar tudo e mais alguma coisa. Se vídeos portugueses há aos magotes e sabendo que somos apenas 10 milhões, imaginem a quantidade de vídeos que por lá andam.
Bem, parece que a internet (e o Youtube) já chegam à Índia. Não é, de facto, nenhuma surpresa. Estamos a falar de um país que se encontra num processo de desenvolvimento tecnológico bastante acentuado, com uma grande margem de progressão neste capítulo e que poderá vir futuramente a receber muito maior notariedade.
Vasco da Gama, quando lá chegou em 1498, encontrou as tão almejadas especiarias que contribuiriam para o engrandecimento da Nação portuguesa.
Se tivesse lá chegado hoje, no lugar disso teria encontrado não essa, mas outra fonte de riqueza... Uma autêntica pérola para os nossos sentidos



Não sei o que é que aquelas especiarias continham, mas coisa boa não era de certeza...

Compatibilidades

Estava em casa, a sorver ocioso ar, quando me apeteceu criar um novo blog.
Ok, pensei eu...
Coisas não faltam para escrever. Disparates não têm limites para serem ditos desde que não ofendam ninguém. Estudos científicos podem ser incessantemente realizados, visto que qualquer coisa pode ser susceptível de análise. Até cartas de amor (porque não?) sem um destinatário concreto (ou talvez sim) podem ser escritas. Não sou de ferro, essas maleitas também ocorrem eventualmente... Enfim, sentei-me diante do meu ecrã sem saber ao certo o que escrever.
Contudo, um novo obstáculo apresentou-se perante mim. Provavelmente não estava preparado para ele. Qualquer nome que digitasse para dar vida ao blog morria logo antes do parto. Tal como a identidade genética de cada ser humano, não podem existir dois blogs iguais (pelo menos não podem ter o mesmo nome).
Isso, como todas as coisas que me rodeiam e que relevam, fez-me pensar. Não havia um único nome com algum sentido que não existisse já na blogosfera. Serei eu apenas mais um com as mesmas ideias de milhões de outras pessoas? Haverá alguma relação transcendental entre mim e esses seres? Estarei a ser repetitivo e mais valeria estar calado?
Pensava nisso, pensava em pensar. Não me lembro do que pensei, mas sei que isso não me foi indiferente. Apercebi-me pela enésima vez que pensar sobre pensamentos remoídos apenas me desgasta neurónios, que me traz preocupações acrescidas, que não me tem levado a lado algum.
Por momentos, tornei-me um extremista intelectual. Proclamei para mim mesmo o primado da acção sobre o pensamento. Comuniquei com a mutilada alma de Hitler e de outros da mesma laia.
Se as viagens que faço no meu pensamento, através do tempo e do espaço, fossem reais, já conheceria uma boa parte da via láctea. Ainda assim, mal me consigo perceber.
E com isto tudo, com tanto devaneio, mal vocês que lêem me conseguem perceber.
Tudo isto porque não encontrava um nome para o meu blog que ainda alguém não tivesse escolhido.
Voltando com o pensamento à Terra, lá encontrei algo que achei aceitável. Mas mesmo que fosse do mais obsceno que se pudesse imaginar... Who cares?