segunda-feira, 24 de março de 2008

Autoridade

Domingo de Páscoa. Passo os olhos pelo JN enquanto os restantes presentes na sala acabavam a refeição.
Além de ficar a saber que a maioria dos alunos do 9ºC de uma escola portuense reprovaria se o ano lectivo terminasse agora, e que Eduardo, além de dar pontos, também dá taças, li um artigo que igualmente me despertou a atenção:

“Um inspector da Polícia Judiciária foi detido por militares do subdestacamento da Brigada de Trânsito (BT) da GNR de Coina, depois de ter recusado a soprar o balão na sequência de um acidente.O caso ocorreu na A2, quando um carro ligeiro, um Renault propriedade do Estado, embateu na traseira de um veículo pesado, quando circulava em direcção a Lisboa. A BT foi chamada ao local e, como é normal, pretendeu submeter os intervenientes no acidente aos testes de alcoolemia.O condutor do ligeiro recusou-se, no entanto, a soprar ao balão e os militares da BT acabaram por verificar que se tratava de um inspector da PJ de Lisboa e que o carro estava ao serviço da Judiciária. O inspector apresentaria sinais de embriaguez.Os militares deram-lhe ordem de detenção, mas o inspector acabaria por ser libertado com a obrigação de se apresentar amanhã no tribunal do Barreiro.”

Antes de mais… Inspectores embriagados parados na Coina? Ok, não vou enveredar pelo mundo obscuro da piada fácil, embora tivesse muito por onde pegar. Deixo isso a cargo do leitor.
Agora, numa das épocas do ano marcada pelo controlo apertado nas estradas, em que os principais blocos informativos (por intermédio de “agentes da autoridade”) dão grande ênfase à evolução da secção de necrologia rodoviária do período em questão, e em que se aconselha total precaução na partida e no regresso a casa, não me parece muito correcto – corrijam-me se estou enganado - que um elemento de uma força policial, utilizando um veículo do Estado, embata com o mesmo noutra viatura, sendo a causa mais que provável a embriaguez
Mais grave ainda: o agente, ao serviço da Judiciária, recusou-se a confirmar o seu estado psíquico, abstendo-se de soprar o balão…
Veremos, pois, se a Justiça se abstêm de punir o senhor em causa. Honestamente, já não me surpreenderia. Aliás, já quase nada me surpreende. Nem mesmo o facto de o Sporting ter falhado mais três grandes penalidades…

segunda-feira, 17 de março de 2008

Prevenção

No ensino primário, na disciplina de Estudo do Meio, todos nós aprendemos a morfologia básica do aparelho digestivo. A professora explicou que pelo cólon passam os resíduos daquilo que ingerimos, sendo expelidos pelo ânus.
Ora, sendo o cólon um órgão do corpo humano, está - como qualquer outro - sujeito a várias doenças, que podem ser detectadas se tivermos alguns cuidados específicos, evitando deste modo incómodos de maiores proporções para a nossa saúde. Todavia, a prevenção não é muito apelativa: passa por analisarmos as fezes, para averiguar alguma anormalidade, quer na textura, quer na cor, sabendo que a presença de sangue não augura nada de positivo.
Na vida, é nos ensinado que errar é característico do Homem.
Ora, sendo nós humanos, estamos sujeitos a cometer deslizes, prejudiciais para nós e para aqueles que nos rodeiam, mas que podem ser evitados se adoptarmos as saídas mais racionais e correctas em detrimento das mais fáceis e erradas. A dificuldade está em assumir o erro e, sobretudo, em remediá-lo.
Ninguém escolhe estar doente, do mesmo modo que ninguém erra se a solução mais fácil for a mais acertada. Se nos descuidarmos, uma ferida mínima no tecido intestinal pode infectar e ter, em casos extremos, consequências irreversíveis. Se não repararmos os nossos equívocos, corremos o risco de perder o controlo da nossa vida, arranjando todo o tipo de conflitos.
Cheirassem as fezes a rosas, e não pensavamos duas vezes antes de as analisarmos. E defecar... Fazêmo-lo com mais frequência do que damos conta.

segunda-feira, 10 de março de 2008

Músicas...

11 de Setembro de 2001. Enquanto ruiam os edifícios do World Trade Center, o album Toxicity, dos System of a Down, ocupava o primeiro lugar das tabelas nos EUA.
Serj Tankian, Daron Malakian, Shavo Odadjian e John Dolmayan criaram um tipo de música dificilmente catalogável. Com vozes inconfundíveis, diversidade instrumental, som forte e letras marcadamente políticas, foram gerando desde 1998 (com o álbum homónimo) uma enorme legião de fãs por todo o globo, tendo lançado até ao momento cinco albuns.
É, sem dúvida, uma das minhas bandas de eleição. Deixo-vos aqui com uma música que diz muito do estilo crítico dos SOAD, retirado do disco Mezmerize.


Sad Statue-System of a Down

quinta-feira, 6 de março de 2008

Oh (un)happy day...

"O que é que isso contribui para a minha felicidade?". Disseram-me isto a propósito de uma coisa qualquer com pouca importância e, nesse segundo, montes de pensamentos atravessaram a minha cabeça. Antes de mais, poderia eu ter dito alguma coisa, naquele momento, que realmente fizesse essa pessoa mais feliz?
Dissertei mentalmente sobre a felicidade. Todos nós julgamos que somos ou que um dia seremos felizes, de uma maneira ou de outra; e acreditamos que isso passa invariavelmente por uma vida a dois. Bem, se isso fosse verdade, não haveria tantos divórcios em curso.
É, pois, efémera essa coisa da felicidade. E manifesta-se tanto nas grandes coisas, que realmente nos deixam marcas - positivas ou negativas - para toda a vida, como nas pequenas, aparentemente insignificantes, mas que nos permitem alcançar alguma satisfação. Aliás, já diz o badalado jingle: "Kinder Surpresa dá-nos grandes momentos de felicidade..."; talvez isso explique a perdição de algumas pessoas pelo chocolate, mas é só uma mera suposição.
Erradamente, cheguei a pensar que tudo aquilo que fazia era com o intuito final de alcançar a felicidade suprema, etérea (e inalcansável). Analisando bem, limito-me a encadear aquilo que faço, (re)agindo naturalmente face às exigências e circunstâncias do quotidiano, não tendo presente no subconsciente um longo prazo, já que um simples pormenor pode fazer toda esse horizonte temporal ruir.
Em suma, posso dizer que vou sendo feliz, mas jamais serei feliz. Tenho uma vida estável, sei reagir positivamente às adversidades, posso até vir a ser bem sucedido naquilo que vou fazendo; no entanto, só com certezas absolutas é que posso ter a felicidade como um dado adquirido. E certezas... só tenho uma.
"O que é que isso contribuiu para a tua felicidade?". Não sei. Cada um sabe - ou julga saber - aquilo que carece para ser feliz. Resta é saber se estará disposto a fazer tudo para o conseguir.


segunda-feira, 3 de março de 2008

Ode ao pessimismo

Durante longos e longos anos, especulou-se sobre o que seria do mundo após a viragem do milénio. Não raros foram os indivíduos que profetizaram a extinção do ser humano, a modificação permanente do nosso planeta tal qual o conhecíamos, a vinda do Apocalipse que iria dar um rumo (ou acabar com ele) completamente diferente à vida de todos aqueles que habitavam a superfície da Terra.
Os menos, digamos... espirituosos, temiam (ainda que não o assumissem) um colapso tecnológico aquando da passagem de ano. Enfim, havia uma expectativa generalizada relativamente ao pós 2000.
5... 4... 3... 2... 1... FELIZ ANO 2000!

Nada aconteceu para além dos habituais foguetes, do vigoroso bater das panelas, da algazarra das passas e do champanhe, das incontáveis preces ansiando uma vida mais rica, cheia de paz e amor, sem guerra nem fome e com os blocos informativos mostrando a meia-noite do mundo inteiro.
Contudo, em Portugal, o receado "Bug" do milénio apareceu. Não no dia 1 de Janeiro, mas no dia 1 de Setembro.... O mundo descrito por George Orwell caiu sobre nós, invadindo a nossa privacidade psicológica, desconstruindo conceitos e modificando -para pior- toda uma sociedade.
A tirania estava disponível à distância de um telecomando. Não havia "minutos do ódio", mas horas do ódio...

The Bug is watching you...

Tal como em Hiroxima e em Nagasaki, as radiações continuaram a afectar o território por longos longos anos. ..