terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Tudo isto é fado

O mundo musical tem lançado sex symbols a uma velocidade impressionante. Britney Spears, Madonna, Christina Aguilera, Rihanna são alguns dos exemplos mais flagrantes da actualidade. Não há homem que não as deseje, que não sinta ligeiro formigueiro quando as vê naqueles trajes minúsculos e bem arejados.
Em Portugal, temos óptimas artistas neste ramo. Vozes cristalinas, letras de qualidade, arranjos musicais de assinalável complexidade. Só não conseguimos imaginá-las na capa de uma revista masculina. Talvez um dia alguém consiga descortinar num véu semelhante ao de Amália algo de erótico, tentar desenhar esbeltos contornos por detrás daquele pedaço de tecido negro ao som de uma guitarra portuguesa. Talvez um dia Mariza e Mafalda Arnauth apareçam em poses a que não estamos acostumados e nos babemos perante as suas figuras. Talvez um dia as concebamos de outra forma que não como seres assexuados.
As fadistas não têm romances tórridos para alimentar as revistas, nem mudam de namorado como quem muda de camisa; quanto muito, casam, têm filhos e vivem com o mesmo homem ate ao fim dos seus dias ou, se se divorciam, cantam as suas mágoas de forma agonizante no caminho para a sepultura. São invariavelmente low profile e jamais dão um ar matreiro de sedução.
A vida sexual das mulheres do fado é um mundo a explorar, um nicho de mercado, uma faixa territorial bastante enevoada e com apenas um pequeno feixe de luz ao fundo do túnel, escondida num emaranhado de sentimentos recalcados, receios infundados e angústias mal exorcizadas. Mas se há universitárias a leiloar a virgindade por 3 milhões de Dólares... Quem sabe o que poderá acontecer ao sex appeal das meninas portuguesas.

sábado, 27 de dezembro de 2008

Reviravolta e espectáculo


Matando a minha pausa de estudo, fui investigar os últimos resultados futebolísticos das ligas europeias que, ao contrário da portuguesa, não sofrem interrupções constantes.
E pela primeira vez na minha vida, a Primeira Liga do País de Gales despertou a minha atenção:
Porthmadog 6-5 Connahs Quay Nomads. Ok, um jogo com onze golos e com apenas um a separar ambas as equipas é algo de raro. Mas mais que raro, este resultado ganha contornos impressionantes quando analisada a marcha do marcador.
O Porthmadog encontrava-se a perder por 5-1... a 19 minutos do fim! Foi capaz de acreditar e venceu o jogo contra todas as adversidades, com algo que no nosso país também não abunda: determinação e espírito de sacrifício.
Talvez valha a pena olhar para o semi-profissionlismo, ou mesmo amadorismo, para encontrarmos alento e tentarmos redescobrir a paixão pelo jogo, demasiadas vezes enfadonho e dispendioso.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

"Feliz Natal"

A minha árvore de Natal pode não fazer a fotossíntese, pode não ter neve a derreter lentamente, mas já está bem composta de presentes. Provavelmente, será mais um ano em que os meus pés vão agradecer os pares de meias novinhos e sem buracos e que a minha barriga irá ficar a rebentar com camadas sobrepostas de "Mon Chèri", "Ferrero Rocher" e "After Eight" (os meus preferidos).
Não sou grande apreciador de bacalhau e prefiro ver as batatas secas do que submersas em litros de azeite. Em tempos ainda protestava, reclamando contra a tradição gastronómica e exigindo uns oleosos douradinhos com batatas fritas; agora, lá suporto o calvário e mastigo os alimentos mecanicamente, esperando ansiosamente pelo esvaziar do prato. Depois, dá-se a divisão em áreas temáticas, de grande substrato lúdico. Uns optam pelo sempre emocionante jogo de sueca, outros grudam-se ao banal programa de TV, repetitivo e sempre com os mesmos artistas de dúbias qualidades, a canalhada vai para os quartos destruir contruções de legos e as cozinheiras encarregam-se de deixar a cozinha num brinco.
Começam-se a arranjar desculpas para abrir os presentes antes da meia noite. Alguém lança a velha piada "Rebentaram as águas mais cedo este ano, ja podemos abrir as prendas" e pouco tempo depois o chão está completamente forrado de papel de embrulho. E assim se passa o Natal.
Quando mais novo, tinha o fascínio normal por toda esta quadra. Hoje em dia, com mais idade e responsabilidade, vejo as coisas de um modo ligeiramente diferente. Em vez de pensar "faltam dois dias para o Natal", lembro penosamente "faltam quinze dias para Processo Penal...". Quer num caso, quer noutro, gera-se um clima de ansiedade, porém com desfechos um pouco diferentes. É a festa da família, de ser bom para o próximo, de dar e receber, um período de introspecção, de reflexão e coisas do género. No entanto, nada disto altera a minha rotina.
Para mim, a presente quadra traz uma incontestável vantagem em relação às demais: acaba com as indecisões na hora da despedida. Fica sempre bem desejar "Feliz Natal", as palavras fluem automática e irreflectidamente, uma lufada de ar fresco nos gastos "Bom dia", "Até à próxima" ou no seco "Xau"...
Aproveitando a deixa, desejo um óptimo Natal a todos os que lerem o post :)

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Músicas...

Lembram-se, quando estudaram o dadaísmo, daquele quadro aparentemente simples de René Magritte com uma maçã perfeitamente ilustrada, contraditoriamente acompanhada da legenda "Ceci n'est pa un pomme"?
Júlio Miguel e Leninha decidiram fazer o mesmo, só que ao contrário. Gravaram uma série de grunhidos com uma letra pouco convencional e disseram ao mundo "Isto é uma música".
Quer Magritte, quer Júlio Miguel e Leninha, independentemente das áreas e dos pressupostos que os moveram, têm sem dúvida algo em comum: são artistas.