sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Bio Activia

Parar é morrer. É sem dúvida um cliché e precisamente por isso tem uma grande base de verdade.
Após um semestre atribulado, com muita festa, poucas aulas, algum álcool, nenhum tabaco, resmas de fotocópias e de stress próprio de quem está a ser avaliado, volto à habitual rotina.
Com o regresso das aulas, voltou também a sazonal promessa. Agora é que vai ser estudar, não vou faltar a nenhuma aula, vou passar apontamentos a limpo e começar a preparar-me mais cedo para os exames, para me licenciar com melhores notas e em tempo útil de preferência.
Palavras, leva-as o vento. Ao amanhecer do novo período lectivo, já algumas nuvens começam a ensombrar o dia. A força de vontade converte-se em fraqueza. A preguiça explica o porquê de ser um dos "seven". A brisa vai-se tornando, rapidamente, num autêntico tornado, arrastando todas as juras feitas pouco tempo antes.
Deixo-me tentar por visitas a amigos e amigas que moram longe. Jogo futebol com mais regularidade. Sucedem-se as noites mal dormidas sem nenhum motivo aparentemente racional. Tuna académica e ensaios que duram horas. Praxe.
Quem corre por gosto não cansa. Aos caloiros de Direito, juntam-se os de Arquitectura, Medicina e Psicologia. Suo a camisa do traje até deixar marcas negras, tapado por uma capa que me conforta quando está frio e que me consome muitas calorias quando está calor. Faço o possível por chegar no início das sessões e sair sempre no fim, tentando ser criativo naquilo que digo, mas conservando a necessária distância. Não deixo de invejar a alegria com que os novatos se relacionam, mas já tive o meu tempo.
Tive o meu tempo, e não o desperdicei. Continuarei a ter tempo para viver e respirarei o menos possível.
Se efectivamente parar é morrer, espero, quando tal acontecer, encontrar as 7 bolas de cristal que me ressuscitem, que me tragam novas emoções, que façam fugir de uma vida pálida, completamente saudável para o corpo, excelente para o Curriculum Vitae, mas devastadora para o Ego.
24 sobre 24 horas vou caminhando. Até que um dia pararei de vez. Não quero saber quando nem como. Apenas pretendo que, mais que do que uma vida, tenha tido uma grande vivência.
"Todos os homens morrem, mas nem todos realmente vivem"

(e com mais um cliché vos deixo)

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Músicas...

Visão e audição...
Videoclips dispendiosos, sem conteúdo e com música "eufemisticamente" medíocre, vêm afectando cada vez mais estas nossas capacidades sensoriais.
Trauteadores de chuveiro viram cantores.
Maquilhagem em excesso camufla defeitos de originalidade da sonoridade, das letras e até do próprio vídeo.
Óptimo seria encontrar a conjugação perfeita entre som e imagem, mas o futuro parece pouco propenso a grandes progressos. Isso não implica, contudo, que não se encontrem boas doses de harmonia: clips que nos deixam colados; músicas que nos deixem como que hipnotizados.
Um bom exemplo este. A prova de que aquilo que realmente tem qualidade é intemporal, prevalece.


Chris Isaak - Wicked game

Já não se fabrica...
Música dos anos 80 e inícios de 90, um verdadeiro mundo a explorar, sem dúvida.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

The boy who cried wolf

Marco Horácio, no programa humorístico "Levanta-te e ri", prometia, semana após semana, mulheres nuas, cavalos e anões.
Inovador, sem dúvida. Horácio prometeu, e eu acreditei. Fiquei a ver o programa até ao fim, assistindo esperançado à sucessão de profissionais (?) da comédia, esperando contemplar voluptuosos seios, céleres equídeos e emancipados humanos de baixa estatura, que irrompessem palco dentro, corporizando o meu anseio.
Horácio prometeu, e eu acreditei. Um indivíduo de natural de Braga afirmava ter problemas de identidade por ter perdido o seu BI. Menezes cantava "seven seconds" imitando quase na perfeição Youssou N'Dour e Neneh Cherry. Nogueira declarava o seu amor a D.Duarte Pio. Tibúrcio, Matumbina, Tone e companhia faziam a audiência rir a bandeiras despregadas com o seu tom rude e brejeiro.
Horácio prometeu, e eu acreditei. Tinham passado meses e eu, embora não com o mesmo fervor, conservava a minha fé. Afinal, aquilo era um programa de televisão. Ele não podia defraudar assim as expectativas de tantos telespectadores, não em directo, ao vivo e a cores.
Horácio prometeu, e eu acreditei. Acreditei porque era um jovem imberbe, emanando inocência de forma pueril por todos os meus poros. Um ano correu no meu calendário.
Horácio prometeu e eu já não acreditei. Boicotei a televisão portuguesa. Questionei o valor da verdade. Os meus pais sempre me ensinaram que mentir era muito feio; imaginava Horácio disforme, horroroso por dentro e por fora. Não só não tinha pescoço a alicerçar a cabeça, como também não possuía moral a sustentar-lhe a alma. Seria lícito publicitar tais ocorrências, sabendo que não iriam acontecer, em nome de audiências? Será possível que continuemos a aplaudir estes ditadores de audiências? Será o Share mais importante do que o sorriso de uma criança? Não obtinha respostas e entrava em depressão.
Horácio prometeu e cumpriu. Mas fê-lo demasiado tarde. Era eu já uma sombra, desconfiado, decrépito e já completamente descrente no mais comprovado dogma, quando os seios viam, despudoradamente, as luzes da ribalta. Já lá não estava para ver.

Horácio, para ti, faço minhas as palavras do povo (que te acompanhava ao vivo, semana a semana), inquirido por Fernando Rocha: Ladies and Gentleman....

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Especiarias psicotrópicas

No Youtube, pode-se encontrar tudo e mais alguma coisa. Se vídeos portugueses há aos magotes e sabendo que somos apenas 10 milhões, imaginem a quantidade de vídeos que por lá andam.
Bem, parece que a internet (e o Youtube) já chegam à Índia. Não é, de facto, nenhuma surpresa. Estamos a falar de um país que se encontra num processo de desenvolvimento tecnológico bastante acentuado, com uma grande margem de progressão neste capítulo e que poderá vir futuramente a receber muito maior notariedade.
Vasco da Gama, quando lá chegou em 1498, encontrou as tão almejadas especiarias que contribuiriam para o engrandecimento da Nação portuguesa.
Se tivesse lá chegado hoje, no lugar disso teria encontrado não essa, mas outra fonte de riqueza... Uma autêntica pérola para os nossos sentidos



Não sei o que é que aquelas especiarias continham, mas coisa boa não era de certeza...

Compatibilidades

Estava em casa, a sorver ocioso ar, quando me apeteceu criar um novo blog.
Ok, pensei eu...
Coisas não faltam para escrever. Disparates não têm limites para serem ditos desde que não ofendam ninguém. Estudos científicos podem ser incessantemente realizados, visto que qualquer coisa pode ser susceptível de análise. Até cartas de amor (porque não?) sem um destinatário concreto (ou talvez sim) podem ser escritas. Não sou de ferro, essas maleitas também ocorrem eventualmente... Enfim, sentei-me diante do meu ecrã sem saber ao certo o que escrever.
Contudo, um novo obstáculo apresentou-se perante mim. Provavelmente não estava preparado para ele. Qualquer nome que digitasse para dar vida ao blog morria logo antes do parto. Tal como a identidade genética de cada ser humano, não podem existir dois blogs iguais (pelo menos não podem ter o mesmo nome).
Isso, como todas as coisas que me rodeiam e que relevam, fez-me pensar. Não havia um único nome com algum sentido que não existisse já na blogosfera. Serei eu apenas mais um com as mesmas ideias de milhões de outras pessoas? Haverá alguma relação transcendental entre mim e esses seres? Estarei a ser repetitivo e mais valeria estar calado?
Pensava nisso, pensava em pensar. Não me lembro do que pensei, mas sei que isso não me foi indiferente. Apercebi-me pela enésima vez que pensar sobre pensamentos remoídos apenas me desgasta neurónios, que me traz preocupações acrescidas, que não me tem levado a lado algum.
Por momentos, tornei-me um extremista intelectual. Proclamei para mim mesmo o primado da acção sobre o pensamento. Comuniquei com a mutilada alma de Hitler e de outros da mesma laia.
Se as viagens que faço no meu pensamento, através do tempo e do espaço, fossem reais, já conheceria uma boa parte da via láctea. Ainda assim, mal me consigo perceber.
E com isto tudo, com tanto devaneio, mal vocês que lêem me conseguem perceber.
Tudo isto porque não encontrava um nome para o meu blog que ainda alguém não tivesse escolhido.
Voltando com o pensamento à Terra, lá encontrei algo que achei aceitável. Mas mesmo que fosse do mais obsceno que se pudesse imaginar... Who cares?