domingo, 7 de junho de 2009
segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009
Conhecem o Milo?
Os olhos têm um apetite bem mais voraz do que a barriga. O simples bom aspecto de uma refeição é capaz de nos despertar vontade incontrolável de a devorar, ainda que já estejamos plenamente saciados. Daí que qualquer área de restauração, por menos esmerada que seja nos seus cozinhados, apresente nas suas ementas ilustrações os mais suculentos pedaços de carne, acompanhados de pommes de terre frites bem douradas e a mais perfeita semi-esfera de arroz. Tudo para convencer o cliente a sentar-se à mesa e embarcar numa viagem cujo destino é a indigestão.
Pois bem, o contrário também é verdade. O prato pode ser o mais completo em termos nutricionais, com Ómega 3 e L-Casei Imunitass e coisas do género, com baixo teor calórico e um paladar de bradar aos céus, mas se a sua aparência for mais repulsiva do que um falecido roedor em avançado estado de decomposição, nem nos passa pela cabeça sequer sentir o cheiro. Até a excruciante fome se parece desvanecer perante o macabro cenário.
Latu sensu, este exemplo gastronómico é de uma aplicabilidade quase ilimitada. Poderia debruçar-me sobre o flagelo dos perfis de hi5, Orkut, Facebook e afins cuja fotografia é de um erotismo inebriante e cuja realidade é, de tão destrorcida, hilariante. Ou então sobre o livro mais badalado, de capa dura para coleccionadores, porém nulo de conteúdo. Mas não. Refiro-me aos genéricos de desenhos animados, ou melhor, às letras e vozes dos mesmos. Canas rachadas, versos absurdos, rimas imprevisíveis e ridículas, que escondem conteúdos porventura interessantes.
Os desenhos podem transmitir uma mensagem bastante construtiva, de assinalável valor lúdico e pedagógico, só que a melodia é, eufemisticamente falando, medonha. Ora vejam o início do "Milo", emitido na RTP 2:
Palavras que rimem com "é" e com "paizinho"; aceitam-se sugestões. Qualquer uma há de ser mais apropriada do que a que acabaram de ver.
Em suma, uma boa imagem ilude, dá o benefício da dúvida, desperta curiosidade e é igualmente susceptível de proporcionar as maiores desilusões. Contudo, se tal ilusão não é criada, há o sério risco de a realidade em causa passar despercebida, sendo lançada à máxima "se isto existe, alguém, algum dia, há de reparar". Ou pode mesmo cair no baú dos tesourinhos deprimentes onde permanecerá para toda a esternidade.
Só mais uma nota: há exemplos bem mais flagrantes do que o pobre Milo capazes de ilustrar esta metáfora. No entanto, uma música de ímpar calibre como esta jamais poderia deixar passar.
Pois bem, o contrário também é verdade. O prato pode ser o mais completo em termos nutricionais, com Ómega 3 e L-Casei Imunitass e coisas do género, com baixo teor calórico e um paladar de bradar aos céus, mas se a sua aparência for mais repulsiva do que um falecido roedor em avançado estado de decomposição, nem nos passa pela cabeça sequer sentir o cheiro. Até a excruciante fome se parece desvanecer perante o macabro cenário.
Latu sensu, este exemplo gastronómico é de uma aplicabilidade quase ilimitada. Poderia debruçar-me sobre o flagelo dos perfis de hi5, Orkut, Facebook e afins cuja fotografia é de um erotismo inebriante e cuja realidade é, de tão destrorcida, hilariante. Ou então sobre o livro mais badalado, de capa dura para coleccionadores, porém nulo de conteúdo. Mas não. Refiro-me aos genéricos de desenhos animados, ou melhor, às letras e vozes dos mesmos. Canas rachadas, versos absurdos, rimas imprevisíveis e ridículas, que escondem conteúdos porventura interessantes.
Os desenhos podem transmitir uma mensagem bastante construtiva, de assinalável valor lúdico e pedagógico, só que a melodia é, eufemisticamente falando, medonha. Ora vejam o início do "Milo", emitido na RTP 2:
Palavras que rimem com "é" e com "paizinho"; aceitam-se sugestões. Qualquer uma há de ser mais apropriada do que a que acabaram de ver.
Em suma, uma boa imagem ilude, dá o benefício da dúvida, desperta curiosidade e é igualmente susceptível de proporcionar as maiores desilusões. Contudo, se tal ilusão não é criada, há o sério risco de a realidade em causa passar despercebida, sendo lançada à máxima "se isto existe, alguém, algum dia, há de reparar". Ou pode mesmo cair no baú dos tesourinhos deprimentes onde permanecerá para toda a esternidade.
Só mais uma nota: há exemplos bem mais flagrantes do que o pobre Milo capazes de ilustrar esta metáfora. No entanto, uma música de ímpar calibre como esta jamais poderia deixar passar.
sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009
Ano novo, cara nova...
O "Who Cares?" celebra o seu primeiro aniversário. Confesso que nem eu esperaria ter paciência para postar com regularidade durante um ano, mas o que é certo é que o blog ainda respira.
Sendo um ano mais velho, senti que a aparência excessivamente simples carecia de remodelação, pelo que o template foi alterado.
O conteúdo, esse, não sofrerá grandes modificações. Vou continuar a disparatar, fica desde já a promessa...
Sendo um ano mais velho, senti que a aparência excessivamente simples carecia de remodelação, pelo que o template foi alterado.
O conteúdo, esse, não sofrerá grandes modificações. Vou continuar a disparatar, fica desde já a promessa...
segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009
Músicas...
Cover ou pura e simplesmente plágio? Ignoro e considero isso irrelevante.
O que é certo é que um dos mais carismáticos artistas portugueses tem uma versão desta bela melodia, chagadora de espíritos e, sobretudo, persistente. Será que alguém se esqueceu do verdadeiro sabor do coração?
O que é certo é que um dos mais carismáticos artistas portugueses tem uma versão desta bela melodia, chagadora de espíritos e, sobretudo, persistente. Será que alguém se esqueceu do verdadeiro sabor do coração?
terça-feira, 30 de dezembro de 2008
Tudo isto é fado
O mundo musical tem lançado sex symbols a uma velocidade impressionante. Britney Spears, Madonna, Christina Aguilera, Rihanna são alguns dos exemplos mais flagrantes da actualidade. Não há homem que não as deseje, que não sinta ligeiro formigueiro quando as vê naqueles trajes minúsculos e bem arejados.
Em Portugal, temos óptimas artistas neste ramo. Vozes cristalinas, letras de qualidade, arranjos musicais de assinalável complexidade. Só não conseguimos imaginá-las na capa de uma revista masculina. Talvez um dia alguém consiga descortinar num véu semelhante ao de Amália algo de erótico, tentar desenhar esbeltos contornos por detrás daquele pedaço de tecido negro ao som de uma guitarra portuguesa. Talvez um dia Mariza e Mafalda Arnauth apareçam em poses a que não estamos acostumados e nos babemos perante as suas figuras. Talvez um dia as concebamos de outra forma que não como seres assexuados.
As fadistas não têm romances tórridos para alimentar as revistas, nem mudam de namorado como quem muda de camisa; quanto muito, casam, têm filhos e vivem com o mesmo homem ate ao fim dos seus dias ou, se se divorciam, cantam as suas mágoas de forma agonizante no caminho para a sepultura. São invariavelmente low profile e jamais dão um ar matreiro de sedução.
A vida sexual das mulheres do fado é um mundo a explorar, um nicho de mercado, uma faixa territorial bastante enevoada e com apenas um pequeno feixe de luz ao fundo do túnel, escondida num emaranhado de sentimentos recalcados, receios infundados e angústias mal exorcizadas. Mas se há universitárias a leiloar a virgindade por 3 milhões de Dólares... Quem sabe o que poderá acontecer ao sex appeal das meninas portuguesas.
Em Portugal, temos óptimas artistas neste ramo. Vozes cristalinas, letras de qualidade, arranjos musicais de assinalável complexidade. Só não conseguimos imaginá-las na capa de uma revista masculina. Talvez um dia alguém consiga descortinar num véu semelhante ao de Amália algo de erótico, tentar desenhar esbeltos contornos por detrás daquele pedaço de tecido negro ao som de uma guitarra portuguesa. Talvez um dia Mariza e Mafalda Arnauth apareçam em poses a que não estamos acostumados e nos babemos perante as suas figuras. Talvez um dia as concebamos de outra forma que não como seres assexuados.
As fadistas não têm romances tórridos para alimentar as revistas, nem mudam de namorado como quem muda de camisa; quanto muito, casam, têm filhos e vivem com o mesmo homem ate ao fim dos seus dias ou, se se divorciam, cantam as suas mágoas de forma agonizante no caminho para a sepultura. São invariavelmente low profile e jamais dão um ar matreiro de sedução.
A vida sexual das mulheres do fado é um mundo a explorar, um nicho de mercado, uma faixa territorial bastante enevoada e com apenas um pequeno feixe de luz ao fundo do túnel, escondida num emaranhado de sentimentos recalcados, receios infundados e angústias mal exorcizadas. Mas se há universitárias a leiloar a virgindade por 3 milhões de Dólares... Quem sabe o que poderá acontecer ao sex appeal das meninas portuguesas.
sábado, 27 de dezembro de 2008
Reviravolta e espectáculo
Matando a minha pausa de estudo, fui investigar os últimos resultados futebolísticos das ligas europeias que, ao contrário da portuguesa, não sofrem interrupções constantes.
E pela primeira vez na minha vida, a Primeira Liga do País de Gales despertou a minha atenção:
Porthmadog 6-5 Connahs Quay Nomads. Ok, um jogo com onze golos e com apenas um a separar ambas as equipas é algo de raro. Mas mais que raro, este resultado ganha contornos impressionantes quando analisada a marcha do marcador.
O Porthmadog encontrava-se a perder por 5-1... a 19 minutos do fim! Foi capaz de acreditar e venceu o jogo contra todas as adversidades, com algo que no nosso país também não abunda: determinação e espírito de sacrifício.
Talvez valha a pena olhar para o semi-profissionlismo, ou mesmo amadorismo, para encontrarmos alento e tentarmos redescobrir a paixão pelo jogo, demasiadas vezes enfadonho e dispendioso.
segunda-feira, 22 de dezembro de 2008
"Feliz Natal"
A minha árvore de Natal pode não fazer a fotossíntese, pode não ter neve a derreter lentamente, mas já está bem composta de presentes. Provavelmente, será mais um ano em que os meus pés vão agradecer os pares de meias novinhos e sem buracos e que a minha barriga irá ficar a rebentar com camadas sobrepostas de "Mon Chèri", "Ferrero Rocher" e "After Eight" (os meus preferidos).
Não sou grande apreciador de bacalhau e prefiro ver as batatas secas do que submersas em litros de azeite. Em tempos ainda protestava, reclamando contra a tradição gastronómica e exigindo uns oleosos douradinhos com batatas fritas; agora, lá suporto o calvário e mastigo os alimentos mecanicamente, esperando ansiosamente pelo esvaziar do prato. Depois, dá-se a divisão em áreas temáticas, de grande substrato lúdico. Uns optam pelo sempre emocionante jogo de sueca, outros grudam-se ao banal programa de TV, repetitivo e sempre com os mesmos artistas de dúbias qualidades, a canalhada vai para os quartos destruir contruções de legos e as cozinheiras encarregam-se de deixar a cozinha num brinco.
Começam-se a arranjar desculpas para abrir os presentes antes da meia noite. Alguém lança a velha piada "Rebentaram as águas mais cedo este ano, ja podemos abrir as prendas" e pouco tempo depois o chão está completamente forrado de papel de embrulho. E assim se passa o Natal.
Quando mais novo, tinha o fascínio normal por toda esta quadra. Hoje em dia, com mais idade e responsabilidade, vejo as coisas de um modo ligeiramente diferente. Em vez de pensar "faltam dois dias para o Natal", lembro penosamente "faltam quinze dias para Processo Penal...". Quer num caso, quer noutro, gera-se um clima de ansiedade, porém com desfechos um pouco diferentes. É a festa da família, de ser bom para o próximo, de dar e receber, um período de introspecção, de reflexão e coisas do género. No entanto, nada disto altera a minha rotina.
Para mim, a presente quadra traz uma incontestável vantagem em relação às demais: acaba com as indecisões na hora da despedida. Fica sempre bem desejar "Feliz Natal", as palavras fluem automática e irreflectidamente, uma lufada de ar fresco nos gastos "Bom dia", "Até à próxima" ou no seco "Xau"...
Aproveitando a deixa, desejo um óptimo Natal a todos os que lerem o post :)
Não sou grande apreciador de bacalhau e prefiro ver as batatas secas do que submersas em litros de azeite. Em tempos ainda protestava, reclamando contra a tradição gastronómica e exigindo uns oleosos douradinhos com batatas fritas; agora, lá suporto o calvário e mastigo os alimentos mecanicamente, esperando ansiosamente pelo esvaziar do prato. Depois, dá-se a divisão em áreas temáticas, de grande substrato lúdico. Uns optam pelo sempre emocionante jogo de sueca, outros grudam-se ao banal programa de TV, repetitivo e sempre com os mesmos artistas de dúbias qualidades, a canalhada vai para os quartos destruir contruções de legos e as cozinheiras encarregam-se de deixar a cozinha num brinco.
Começam-se a arranjar desculpas para abrir os presentes antes da meia noite. Alguém lança a velha piada "Rebentaram as águas mais cedo este ano, ja podemos abrir as prendas" e pouco tempo depois o chão está completamente forrado de papel de embrulho. E assim se passa o Natal.
Quando mais novo, tinha o fascínio normal por toda esta quadra. Hoje em dia, com mais idade e responsabilidade, vejo as coisas de um modo ligeiramente diferente. Em vez de pensar "faltam dois dias para o Natal", lembro penosamente "faltam quinze dias para Processo Penal...". Quer num caso, quer noutro, gera-se um clima de ansiedade, porém com desfechos um pouco diferentes. É a festa da família, de ser bom para o próximo, de dar e receber, um período de introspecção, de reflexão e coisas do género. No entanto, nada disto altera a minha rotina.
Para mim, a presente quadra traz uma incontestável vantagem em relação às demais: acaba com as indecisões na hora da despedida. Fica sempre bem desejar "Feliz Natal", as palavras fluem automática e irreflectidamente, uma lufada de ar fresco nos gastos "Bom dia", "Até à próxima" ou no seco "Xau"...
Aproveitando a deixa, desejo um óptimo Natal a todos os que lerem o post :)
segunda-feira, 1 de dezembro de 2008
Músicas...
Lembram-se, quando estudaram o dadaísmo, daquele quadro aparentemente simples de René Magritte com uma maçã perfeitamente ilustrada, contraditoriamente acompanhada da legenda "Ceci n'est pa un pomme"?
Júlio Miguel e Leninha decidiram fazer o mesmo, só que ao contrário. Gravaram uma série de grunhidos com uma letra pouco convencional e disseram ao mundo "Isto é uma música".
Quer Magritte, quer Júlio Miguel e Leninha, independentemente das áreas e dos pressupostos que os moveram, têm sem dúvida algo em comum: são artistas.
Júlio Miguel e Leninha decidiram fazer o mesmo, só que ao contrário. Gravaram uma série de grunhidos com uma letra pouco convencional e disseram ao mundo "Isto é uma música".
Quer Magritte, quer Júlio Miguel e Leninha, independentemente das áreas e dos pressupostos que os moveram, têm sem dúvida algo em comum: são artistas.
domingo, 9 de novembro de 2008
domingo, 19 de outubro de 2008
Bad Boys, Bad Boys...
Gunas, grunhos, mitras, chavalos, delinquentes. Chamem-lhes o que quiserem, o resultado é o mesmo: sempre que os avistamos ao fundo da rua com o chapéu Nike Shox repousando da coroa da cabeça, perdemos a nossa habitual descontracção, não sabemos para onde olhar e em que lado do passeio circular. O cintilar da bijuteria barata nas orelhas estremece o homem médio pacífico que teme pela sua integridade física e pelo empréstimo definitivo dos seus bens.
Lá no bairro, mandam mais que Deus. O seu sacrário contém não hóstias, mas doses. E o "Corpo de Cristo", além de caro, é consumido vezes e vezes.
Traficam substâncias psicotrópicas, roubam violentamente viaturas, espancam indiscriminadamente julgando-se invariavelmente donos da razão. São o Sol - olhar para eles ofusca todos os infelizes que ousam fazê-lo, podendo provocar deslocamentos de retina. Literalmente.
Mas como acontece com todos os malfeitores, há sempre um ponto fraco a explorar. Por vezes é tão básico que roça o hilariante. Aconselho o leitor (discretamente) a comprová-lo no local adequado.
Local esse que não é na Ribeira, no Aleixo ou no Lagarteiro... Mas na Loja do Cidadão. É um regalo para os olhos daqueles que levam uma vida honesta contemplar aqueles seres furados, rasgados e com uma expressão malévola (vulgo "cara anal") trémulos perante a única pessoa que os verga: a que os trouxe ao mundo.
Na fila para pagar a luz vejo um Bad Boy corpulento e pouco amistoso meloso como chocolate no forno junto da sua progenitora, que o repreende fortemente com palavrões obscenos. E ele anui, impávido e sereno, pedindo desculpa por tudo o que fez e o que não fez.
Eu, homem vulgar, rejubilo e sinto até um esgar inexplicável de pena... Ou talvez não. Talvez seja, lá no meu íntimo qualquer coisa como:
"FALA AGORA, CABRÃO DO C******! "
(n.d.r.: Só não os chamo filhos da meretriz porque senão seria uma incoerência grosseira com o que acabei de dizer nos últimos parágrafos)
sexta-feira, 3 de outubro de 2008
Que coisa mais linda é uma partida de futebol...
Há filmes que se vêem vezes sem conta e sempre que passam na TV não conseguimos deixar de os ver. O mesmo sucede com certos golos que, pela sua beleza, espontaneidade, qualidade técnica, potência, entre outros atributos, fazem com que não nos cansemos de todas as repetições possíveis e imaginárias.
É o caso deste golo dos desconhecidos do Metalist, que vergaram os conceituados turcos do Besiktas na passada eliminatória da Taça UEFA. No lugar do autor do tento, provavelmente pediria a substituição (ou até, quem sabe, a reforma)...
É o caso deste golo dos desconhecidos do Metalist, que vergaram os conceituados turcos do Besiktas na passada eliminatória da Taça UEFA. No lugar do autor do tento, provavelmente pediria a substituição (ou até, quem sabe, a reforma)...
segunda-feira, 29 de setembro de 2008
Músicas...
Não faltam por aí indivíduos que dizem tocar guitarra. E, na verdade, até tocam uma ou outra música, divertem o pessoal nas festas, cantam os hits do momento com os acordes plasmados num qualquer website, julgando-se uns verdadeiros ases das cordas.
Agora, imaginem o médio ofensivo do Pontassolense a testar as suas habilidades junto a Kaká. Porque é exactamente essa desproporção que existe entre os senhores que eu apresento e um vulgar tocador de guitarra.
Al Di Meola, Paco de Lucia e John McLaughlin são a elite das guitarras. 90 e muitos % dos outros que pegam nesse instrumento nao são mais que modestos amadores.
Aqui fica "Mediterranean Sundance".
Agora, imaginem o médio ofensivo do Pontassolense a testar as suas habilidades junto a Kaká. Porque é exactamente essa desproporção que existe entre os senhores que eu apresento e um vulgar tocador de guitarra.
Al Di Meola, Paco de Lucia e John McLaughlin são a elite das guitarras. 90 e muitos % dos outros que pegam nesse instrumento nao são mais que modestos amadores.
Aqui fica "Mediterranean Sundance".
quarta-feira, 24 de setembro de 2008
Chewing gum
Esfregar esferovite produz um som agundo extremamente irritante, porém tolerável. O barulho do giz no quadro consegue tirar do sério muita gente, mas ainda á suportável.
Insuportável é ouvir, de rajada, "The Story", "Encosta-te a mim", "Hey There Delilah" e "Sweet About Me"... Um verdadeiro poker de dores de cabeça.
O raio das músicas ultrapassam nas rádios e mesmo na televisão os limites do absurdo. Já percebi que o tipo está muito triste pelo facto de a sua amada ir estudar para NY; já me fartei do toque pseudo-anárquico de Gabriella Cilmi que diz que the world is a better place when its upside down; e duvido que viva os mais de 100000 anos de Jorge Palma se continuar a ser presenteado com a sua bela musiquinha. Mais! Quando Nelson Évora brilhantemente conquistou a medalha de ouro, fazendo esvoaçar mais alto que as demais a bandeira lusitana, ouvi mais vezes "The Story" como música de fundo do que o hino nacional...
Na apresentação de fotos do último casamento em que estive presente, lá ive que ser brindado com o malfadado pranto de miss Carlile.
Essas quatro melodias tive o azar de escutar precisamente no momento de maior produção do meu estudo. Em caso de reprovação, creio que desta vez a culpa não morrerá solteira.
Insuportável é ouvir, de rajada, "The Story", "Encosta-te a mim", "Hey There Delilah" e "Sweet About Me"... Um verdadeiro poker de dores de cabeça.
O raio das músicas ultrapassam nas rádios e mesmo na televisão os limites do absurdo. Já percebi que o tipo está muito triste pelo facto de a sua amada ir estudar para NY; já me fartei do toque pseudo-anárquico de Gabriella Cilmi que diz que the world is a better place when its upside down; e duvido que viva os mais de 100000 anos de Jorge Palma se continuar a ser presenteado com a sua bela musiquinha. Mais! Quando Nelson Évora brilhantemente conquistou a medalha de ouro, fazendo esvoaçar mais alto que as demais a bandeira lusitana, ouvi mais vezes "The Story" como música de fundo do que o hino nacional...
Na apresentação de fotos do último casamento em que estive presente, lá ive que ser brindado com o malfadado pranto de miss Carlile.
Essas quatro melodias tive o azar de escutar precisamente no momento de maior produção do meu estudo. Em caso de reprovação, creio que desta vez a culpa não morrerá solteira.
domingo, 14 de setembro de 2008
Dura Praxis...
"E as praxes? Como é que são aqui? Pintam-nos muito a cara? Onde é que me inscrevo?"
Estas e muitas, muitas outras perguntas me esperam amanhã.
Todos sentem um misto de curiosidade e de receio. Todos trazem ideias pré-concebidas. Mas poucos têm uma ínfima noção do que efectivamente se trata.
Na sexta-feira passada, passava eu tranquilamente junto da minha antiga escola secundária, quando me deparo com os foliões. Teria o Carnaval chegado uns meses adiantado? Depressa me apercebi que não era disso que se tratava. Viajei 5 anos na minha memória e lá compreendi: tinham começado as "praxes".
Os pobres coitados do 10ºano vinham todos rabiscados em tudo quanto era pele, cantavam o hino nacional em cima de um qualquer banco do recreio, eram amarrados a um poste e pronto! "Acabou de ser praxado, muitos parabéns! Agora já é um de nós..."
Correndo tudo dentro do previsto, três anos depois cairão de pára-quedas num qualquer estabelecimento de ensino superior, julgando que ao fim de uns dias de "tremendo sofrimento físico e mental" tudo termina.
É aqui que realmente se compreende a distinção entre as praxes e a Praxe. Numa há efémera e fútil paródia, noutra eterna e dura aprendizagem. Numa há igualdade (desigual) de indumentárias entre os praxistas e os praxados, noutra há uma capa negra a marcar toda a diferença entre o autoritário e o submisso. Numa todo o aparato desmboca num profundo nada, noutra qualquer nada é feito para o todo, um todo com um fundamento oculto, tão concreto quanto difuso, tão lógico quanto incompreensível.
Numa, o espírito morre embrionário.
Noutra, o espírito finda connosco entre apertadas paredes.
Como são as "praxes"? Eu respondo...
Os meninos à volta da fogueira
Vão aprender coisas de sonho e de verdade
Vão aprender como se ganha uma bandeira
Vão saber o que custou a liberdade
Estas e muitas, muitas outras perguntas me esperam amanhã.
Todos sentem um misto de curiosidade e de receio. Todos trazem ideias pré-concebidas. Mas poucos têm uma ínfima noção do que efectivamente se trata.
Na sexta-feira passada, passava eu tranquilamente junto da minha antiga escola secundária, quando me deparo com os foliões. Teria o Carnaval chegado uns meses adiantado? Depressa me apercebi que não era disso que se tratava. Viajei 5 anos na minha memória e lá compreendi: tinham começado as "praxes".
Os pobres coitados do 10ºano vinham todos rabiscados em tudo quanto era pele, cantavam o hino nacional em cima de um qualquer banco do recreio, eram amarrados a um poste e pronto! "Acabou de ser praxado, muitos parabéns! Agora já é um de nós..."
Correndo tudo dentro do previsto, três anos depois cairão de pára-quedas num qualquer estabelecimento de ensino superior, julgando que ao fim de uns dias de "tremendo sofrimento físico e mental" tudo termina.
É aqui que realmente se compreende a distinção entre as praxes e a Praxe. Numa há efémera e fútil paródia, noutra eterna e dura aprendizagem. Numa há igualdade (desigual) de indumentárias entre os praxistas e os praxados, noutra há uma capa negra a marcar toda a diferença entre o autoritário e o submisso. Numa todo o aparato desmboca num profundo nada, noutra qualquer nada é feito para o todo, um todo com um fundamento oculto, tão concreto quanto difuso, tão lógico quanto incompreensível.
Numa, o espírito morre embrionário.
Noutra, o espírito finda connosco entre apertadas paredes.
Como são as "praxes"? Eu respondo...
Os meninos à volta da fogueira
Vão aprender coisas de sonho e de verdade
Vão aprender como se ganha uma bandeira
Vão saber o que custou a liberdade
quinta-feira, 11 de setembro de 2008
Impaciência
Carlos Queiroz, na véspera da sua estreia como seleccionador nacional em jogos oficiais, proferiu na conferência de imprensa a seguinte frase/aviso:
"No United trabalhamos quatro anos para conquistarmos um título europeu. Aqui na selecção, ao fim de quatro treinos, já nos pedem para sermos campeões do mundo."
Hoje fomos, ainda que injustamente (palavra mais inútil do léxico futebolista), vergados no nosso país por uma Dinamarca que soube aproveitar as oportunidades. Portugal deslumbrou, marcou, voltou a deslumbrar, desperdiçou, desperdiçou e... sofreu.
Debaixo de um tremendo coro de assobios, os nossos atletas deixaram o relvado.
Quando não há frieza de campeão para matar jogos em momentos decisivos, jamais se pode pedir campeonatos. E a impaciência do povo luso de que Queiroz falava a nada ajuda.
Vamos ter paciência e dar tempo ao tempo, ok? Não me parece ser muito difícil.
"No United trabalhamos quatro anos para conquistarmos um título europeu. Aqui na selecção, ao fim de quatro treinos, já nos pedem para sermos campeões do mundo."
Hoje fomos, ainda que injustamente (palavra mais inútil do léxico futebolista), vergados no nosso país por uma Dinamarca que soube aproveitar as oportunidades. Portugal deslumbrou, marcou, voltou a deslumbrar, desperdiçou, desperdiçou e... sofreu.
Debaixo de um tremendo coro de assobios, os nossos atletas deixaram o relvado.
Quando não há frieza de campeão para matar jogos em momentos decisivos, jamais se pode pedir campeonatos. E a impaciência do povo luso de que Queiroz falava a nada ajuda.
Vamos ter paciência e dar tempo ao tempo, ok? Não me parece ser muito difícil.
quinta-feira, 4 de setembro de 2008
Músicas...
Após duas entradas falhadas devido a problemas técnicos, com o público já a desesperar e a insultar a organização do festival, os Franz Ferdinand lá conseguiram incendiar a Zambujeira do Mar. De tal modo que passei a semana seguinte a trautear a "This Fire"...
A banda escocesa vai para mais um álbum de originais, que promete não defraudar as expectativas dos seus admiradores. Estarei seguramente atento para ver o que Alex Kapranos e seus compinchas nos reservam.
Por enquanto, deixo aqui no Who Cares a tal música que teimava em não sair-me da cabeça:
(Peço desde já desculpa por não apresentar juntamente com a música o respectivo videoclip oficial, bloqueado pelos autores)
A banda escocesa vai para mais um álbum de originais, que promete não defraudar as expectativas dos seus admiradores. Estarei seguramente atento para ver o que Alex Kapranos e seus compinchas nos reservam.
Por enquanto, deixo aqui no Who Cares a tal música que teimava em não sair-me da cabeça:
(Peço desde já desculpa por não apresentar juntamente com a música o respectivo videoclip oficial, bloqueado pelos autores)
sexta-feira, 1 de agosto de 2008
Mãe há só uma
Iker Casillas é, inquestionavelmente, um dos melhores guarda-redes do mundo. Tem vindo a prová-lo desde que se estreou, ainda muito jovem, pelo emblema merengue, conseguindo sem surpresa um lugar cativo na baliza da selecção do seu país. E todo esse país, toda uma Espanha, ficou grata por ser ele a ocupar a posição de "portero" no Euro 2008.
Brilhantemente, susteve penalties, defendeu golos certos, conferiu uma segurança dentro e fora dos postes inqualificável. Um verdadeiro muro de betão imune a todo o tipo de armamento inimigo.
E "nuestros hermanos" lá ergueram o caneco...
Tal desempenho não deixou indiferente o povo espanhol. De tal modo que fizeram questão de condecorar o atleta não apenas pelo seu feito, mas também pelo simples facto de... ter nascido!
Sem dúvida, a sua mãe sofreu muito durante o parto, daí a merceida recompensa:
Brilhantemente, susteve penalties, defendeu golos certos, conferiu uma segurança dentro e fora dos postes inqualificável. Um verdadeiro muro de betão imune a todo o tipo de armamento inimigo.
E "nuestros hermanos" lá ergueram o caneco...
Tal desempenho não deixou indiferente o povo espanhol. De tal modo que fizeram questão de condecorar o atleta não apenas pelo seu feito, mas também pelo simples facto de... ter nascido!
Sem dúvida, a sua mãe sofreu muito durante o parto, daí a merceida recompensa:
segunda-feira, 14 de julho de 2008
Eu acho que é o Chuva de Estrelas
Ainda bem que vivemos num país livre, cuja Constituição consagra a liberdade de expressão como um direito fundamental. Ora, esta concessão de liberdade pode por vezes traduzir-se em situações deveras insólitas, como esta que vos deixo.
Reparem na cara da concorrente, escandalizada pelo tremendo equívoco do seu adversário... Mal sabia ela que iria cometer o mesmo pecado.
Reparem na cara da concorrente, escandalizada pelo tremendo equívoco do seu adversário... Mal sabia ela que iria cometer o mesmo pecado.
terça-feira, 24 de junho de 2008
de cujus
É ingrato. Podemos levar uma vida honesta, bastante altruísta até, respeitadora de todos os princípios. Podemos ser uns perfeitos anormais, vingativos e hipócritas...
Garantido é que, quando falecermos, faltaremos à nossa derradeira cerimónia. Estaremos lá fisicicamente, mas não sentiremos as lágrimas das pessoas que se preocuparam connosco, o efeverscer do rancor daqueles que nos odiaram. Veja-se o caso de Miklos Fehér: era um avançado com um faro de golo pouco apurado, intermitente nos 11 titulares do Benfica, contestado quando era chamado a intervir.
A morte, contudo, parece ter transfigurado as suas características. Passou a ser um jogador com uma grande margem de evolução, muito dedicado ao clube, um cidadão íntegro e amado por todos os colegas.
A vida é mesmo ingrata. Apenas somos verdadeiramente elogiados quando as nossas capacidades sensoriais são incapazes de captar tais inflamadas exclamações. Enquanto caminhamos para a morte, apenas nos confrontam com críticas ao que fazemos e não fazemos, raramente dando crédito àquilo a que nos entregamos.
No fim, no nosso apertado leito, de cara incrivelmente pálida, emanando um odor muito próprio, todos parecem notar que nós realmente passamos pela Terra. Deixa-se de lado a indiferença (pelo menos durante a cerimónia fúnebre), põem-se os canais lacrimais a funcionar vigorosamente e partimos para a vala.
Em vida, a contenção de despesas era absolutamente gritante. Até a fome podia eventualmente apertar desde que houvesse uns quantos fundos prontos para qualquer eventualidade. Já de malas aviadas para um reino diferente, não há que olhar a custos. Flores, flores e mais flores deixadas emurchecer, velas ardendo incessantemente, caixões bem confortáveis e carinhosamente esculpidos (não vá o defunto queixar-se de torcicolos!), comissões pagas a padres, coveiros, funerárias... Até post mortem não esquecemos a ostentação. E há sempre alguém a lucrar com o nosso cruel fado.
"Eu não quero que ninguém morra, mas quero que o negócio corra...", já dizia o coveiro.
Se vivemos num mundo de contradições, por que não morrer num mundo semelhante? Afinal, é tudo uma questão de coerência.
Garantido é que, quando falecermos, faltaremos à nossa derradeira cerimónia. Estaremos lá fisicicamente, mas não sentiremos as lágrimas das pessoas que se preocuparam connosco, o efeverscer do rancor daqueles que nos odiaram. Veja-se o caso de Miklos Fehér: era um avançado com um faro de golo pouco apurado, intermitente nos 11 titulares do Benfica, contestado quando era chamado a intervir.
A morte, contudo, parece ter transfigurado as suas características. Passou a ser um jogador com uma grande margem de evolução, muito dedicado ao clube, um cidadão íntegro e amado por todos os colegas.
A vida é mesmo ingrata. Apenas somos verdadeiramente elogiados quando as nossas capacidades sensoriais são incapazes de captar tais inflamadas exclamações. Enquanto caminhamos para a morte, apenas nos confrontam com críticas ao que fazemos e não fazemos, raramente dando crédito àquilo a que nos entregamos.
No fim, no nosso apertado leito, de cara incrivelmente pálida, emanando um odor muito próprio, todos parecem notar que nós realmente passamos pela Terra. Deixa-se de lado a indiferença (pelo menos durante a cerimónia fúnebre), põem-se os canais lacrimais a funcionar vigorosamente e partimos para a vala.
Em vida, a contenção de despesas era absolutamente gritante. Até a fome podia eventualmente apertar desde que houvesse uns quantos fundos prontos para qualquer eventualidade. Já de malas aviadas para um reino diferente, não há que olhar a custos. Flores, flores e mais flores deixadas emurchecer, velas ardendo incessantemente, caixões bem confortáveis e carinhosamente esculpidos (não vá o defunto queixar-se de torcicolos!), comissões pagas a padres, coveiros, funerárias... Até post mortem não esquecemos a ostentação. E há sempre alguém a lucrar com o nosso cruel fado.
"Eu não quero que ninguém morra, mas quero que o negócio corra...", já dizia o coveiro.
Se vivemos num mundo de contradições, por que não morrer num mundo semelhante? Afinal, é tudo uma questão de coerência.
quarta-feira, 18 de junho de 2008
Músicas...
And when the broken hearted people
Living in the world agree,
There will be an answer, let it be.
Genial. Brilhante. Ponto.
Living in the world agree,
There will be an answer, let it be.
Genial. Brilhante. Ponto.
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